Em mais uma demonstração de desprezo democrático e irresponsabilidade com a saúde pública em meio à pandemia de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro voltou a descer a rampa do Planalto neste domingo (3) para cumprimentar seu séquito mais radical e acenar para uma solução militarizada contra o STF (Supremo Tribunal Federal).
Se existia alguma esperança de que, ao assumir o cargo de presidente, o deputado radical de extrema-direita pudesse adotar postura democrática e buscar consenso nacional, há tempos que essa esperança já se esgotou. Bolsonaro já ultrapassou todos os limites de responsabilidade e decoro que a presidência deveria lhe impor, conforme Conectas vem indicado em oportunidades anteriores.
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Em sua sede por conflito, o presidente usa a máquina de comunicação do Planalto contra inimigos construídos e/ou imaginários, instiga incessantes crises políticas, endossa teorias conspiratórias e se furta de assumir a responsabilidade pelas grandes emergências que afligem o Brasil. A agressão aos jornalistas que ontem cobriam os protestos em Brasília, por exemplo, não é ato isolado, mas faz parte da fórmula de ataque às instituições democráticas, o qual a liberdade de imprensa é um forte pilar.
Se bem de um lado o Congresso Nacional e o Supremo têm imposto derrotas a muitas das aventuras antidemocráticas do presidente, de outro o desgaste gerado pelo conflito entre poderes abala e confunde o país em um dos momentos em que todos os esforços deveriam estar concentrados em salvar vidas e evitar uma recessão que aprofunde as desigualdades e leve milhões de pessoas à miséria.
Este é o momento de união de todo o campo democrático para impor, de uma vez por todas, limites aos delírios autoritários do presidente e remediar o custo humano que a pandemia de Covid-19 já tem trazido à população brasileira, em especial, àqueles menos favorecidos.