No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, realizado na última terça-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro usou uma série de informações falsas ao abordar as ações do governo federal no combate à pandemia causada pela Covid-19.
A fala do mandatário, que também amenizou os danos ambientais causados pelo recorde de queimadas no Pantanal e na Amazônia, foi duramente rechaçada por figuras políticas, acadêmicos e organizações da sociedade civil de todo o país.
Em sua sexta edição, já disponível para leitura e download gratuito, o Boletim Direitos na Pandemia elencou algumas das principais distorções observadas no vídeo gravado pelo chefe do Executivo brasileiro e exibido diante da comunidade internacional.
Confira a análise:
O estudo destaca que esta informação não é verdadeira já que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) citada por Bolsonaro apenas reafirmou uma determinação que já está presente na Constituição Federal. Nela, consta que Estados e Municípios possuem competência para criar leis e normas próprias sobre saúde, mas também está garantida a competência do governo federal para fazer o mesmo. Neste caso, aponta o estudo, esperava-se que a União realizasse ações que harmonizassem o planejamento da ação dos governos locais, o que jamais ocorreu.
O Boletim Direitos na Pandemia destaca que a afirmação destoa frontalmente do veto do presidente da República à lei aprovada pelo Congresso que atribuía à União o dever de fornecer água potável, assistência médica e outros recursos para evitar a propagação da doença entre os povos indígenas. O veto do mandatário foi derrubado pela Câmara e Senado com apoio da sociedade civil.
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Esta edição do estudo também traz dados dos São Paulo e Rio de Janeiro, e começa a explorar um campo conceitual que será decisivo para a análise das normas relacionadas à Covid-19 no Brasil: as medidas de saúde pública e o poder de polícia sanitária.
Conta ainda com artigos sobre duas expressões que passaram a ser muito usadas no Brasil durante a pandemia: “lockdown” e “imunidade de rebanho”.
Por fim, uma análise do impacto da Covid-19 sobre a população em situação de rua na cidade de São Paulo, elaborada por membros da Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama.