Dois meses depois da prisão arbitrária de um grupo de 15 ativistas acusados pelas autoridades angolanas de ameaçarem a ordem e a segurança do país, o Brasil, um dos principais parceiros comerciais de Angola, ainda não se pronunciou sobre o caso. A pressão para que as autoridades brasileiras rompam o silêncio e condenem a sequência de atropelos e arbitrariedades contra o grupo aumentou nessa semana. O julgamento dos ativistas, contrários ao governo de José Eduardo dos Santos (no poder desde 1979), ainda não foi marcado e suas famílias têm sido impedidas de protestar contra as detenções.
Em carta enviada à Divisão de Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, as organizações de direitos humanos Conectas, Omunga – Associação da Sociedade Civil Angolana e a AJPD (Associação Justiça, Paz e Democracia) demandaram que “o governo brasileiro exercite sua influência de forma positiva sobre Angola e evite retrocessos no exercício e proteção de direitos em um país de importância estratégica para o Brasil e o continente africano”.
Leia aqui a íntegra do documento.
Essa não é a primeira vez que a sociedade civil se pronuncia sobre o caso. Em julho, poucos dias depois da prisão dos ativistas, Conectas encaminhou uma carta ao Ministério de Justiça e Direitos Humanos de Angola, através da embaixada do país em Brasília, pedindo a imediata libertação do grupo.
À época, a organização sublinhou o descumprimento por parte das autoridades angolanas das responsabilidades assumidas no plano internacional. “O fato de Angola fazer parte de instituições internacionais como o Conselho de Segurança e Conselho dos Direitos Humanos, ambos das Nações Unidas, e da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos reforça a responsabilidade do governo angolano de proteger os direitos humanos e as liberdades fundamentais do seu próprio povo”, diz o documento.