Há mais de uma década, Mohamedou Ould Slahi é um dos 114 detentos do presídio americano de Guantánamo, um dos mais graves símbolos de violação aos direitos humanos no continente. Como a maioria de seus companheiros, Slahi nunca foi formalmente acusado de um crime. Sua experiência, do cotidiano do complexo prisional até os interrogatórios e a tortura, foram relatados em um diário editado no Brasil pela Cia. das Letras. O evento de lançamento do livro, que inclui as marcas de censura nos textos originais impostas pelo governo dos EUA, acontece em parceria com a Conectas na próxima segunda (5/10), às 18h, em São Paulo.
Participam do debate Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha de São Paulo que já visitou Guantánamo, Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, eJessica Carvalho Morris, Diretora Executiva da Conectas, que já atuou como advogada em casos envolvendo pessoas detidas na prisão americana. A entrada é gratuita e não é necessário realizar inscrição.
A publicação do testemunho de Slahi no Brasil coincide com o aumento da pressão global para fechar Guantánamo – o que só vai acontecer se o governo de Barack Obama conseguir realocar todos os presos. Hoje, 52 detentos já estão aptos para transferência, o que significa que já passaram por um extenso e criterioso processo de revisão por seis agências estadunidenses (incluindo o FBI e a CIA) e, por decisão unânime, devem ser soltos desde que outros países os recebam.
Por conta de restrições aprovadas pelo Congresso americano, essas pessoas não podem ir para os Estados Unidos. Muitos não podem regressar aos seus países de origem, dada a situação de insegurança e o alto risco de perseguição e tortura – como é o caso do Iêmen, país de origem de 84% dos homens que já foram liberados mas que seguem presos em Guantánamo. A liberdade dessas pessoas depende, portanto, da iniciativa de outras nações que estejam dispostas a aceitá-las – tal como fez o Uruguai no final de 2014.
Nos últimos meses, dada a retomada das relações da presidente Dilma Rousseff com o presidente Obama – abaladas desde a descoberta do esquema de espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança, na sigla em inglês) – organizações de direitos humanos no Brasil e nos Estados Unidos têm pedido para que o governo brasileiro aceite parte dos presos que já estão liberados.
Veja aqui cinco razões pelas quais o Brasil deve se tornar parte da solução para o problema de Guantánamo.
Serviço:
Debate e lançamento do livro “O diário de Guantánamo”, de Mohamedou Ould Slahi
Onde? Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena)
Quando? Segunda-feira, 5/10, às 18h
Não é necessário fazer inscrição.