Em discurso durante a abertura da 73ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o presidente Michel Temer falou sobre as iniciativas do governo para a acolhida dos refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil, principalmente pela fronteira de Roraima. Temer citou a construção de abrigos, o programa de interiorização, mas não comentou sobre as mais de 55 mil solicitações de refúgio que ainda aguardam decisão do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados).
“É uma pena que Temer não tenha reconhecido a necessidade da acolhida humanitária e da análise rápida dos pedidos de refúgio dos venezuelanos que chegam ao Brasil. O Brasil poderia fazer muito mais em relação a esse fluxo migratório, com o fortalecimento de iniciativas de interiorização e também de integração à sociedade”, comenta Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas.
Temer ainda falou sobre o multilateralismo para o fortalecimento de valores diplomáticos e articulação de acordos comerciais e tratados internacionais, como o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, no qual o Brasil foi pioneiro em assinar o compromisso. O desenvolvimento sustentável também foi citado no discurso, com promessas de redução da taxa de desmatamento e emissão de carbono. “As palavras de Temer em defesa do multilateralismo se distanciam da política externa cada vez mais tímida do Brasil”, avalia Asano.