Com muito pesar e tristeza, recebemos na manhã desta quarta-feira (23) a notícia do falecimento da irmã Telma Lage, importante defensora dos direitos humanos de migrantes e refugiados.
À frente do Centro de Migrações e Direitos Humanos, da Diocese de Roraima, irmã Telma teve um papel essencial na acolhida de venezuelanos e venezuelanas em Boa Vista desde o início da crise humanitária que afetou o país vizinho e que forçou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas através da fronteira terrestre com o Brasil.
Irmã Telma foi uma das primeiras a oferecer apoio e acolhida a tantas pessoas que viam em nosso país uma oportunidade de recomeçar a vida. Dedicava-se incansavelmente à causa antes mesmo da chegada das organizações humanitárias a Roraima e de que o governo federal assumisse a gestão do fluxo de refugiados venezuelanos.
Exemplo de amor aos mais necessitados, irmã Telma aliava as ações assistenciais tão necessárias a uma atuação contestadora firme, de modo a lutar para que os migrantes fossem reconhecidos como sujeitos de direitos tal como determina nossa Constituição e as legislações sobre refúgio e migração.
Essa grande ativista via no Direito uma ferramenta para alcançar a justiça social que tanto praticava em seu dia-a-dia. Como advogada, atuou em parceria com a Conectas em diferentes casos na Justiça exigindo o fim de flagrante discriminação das autoridades locais em relação aos direitos da população migrante.
A mesma voz combativa diante das injustiças, transmitia palavras de conforto e otimismo ao seu redor. Seu sorriso largo e abraço apertado farão tanta falta quanto sua visão de um mundo mais acolhedor. Sem dúvida, o movimento de direitos humanos perde uma de suas mais aguerridas defensoras, mas seu exemplo permanecerá como legado.