Às vésperas de completar seus cinco primeiros meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro já havia editado 145 decretos presidenciais. A conduta é vista como autocrática por grande parte da sociedade civil, que se manifestou, por meio de nota pública, contra a postura do atual presidente, que tenta atropelar o poder outorgado ao Parlamento brasileiro. O documento é assinado por 48 organizações brasileiras que fazem parte do Pacto pela Democracia, plataforma de ação conjunta em defesa da construção democrática.
A publicação de decretos pelos chefes do Poder Executivo está prevista na Constituição Federal. Essa figura normativa tem por objetivo regulamentar dispositivos legais, de forma a torná-los mais concretos e permitir seu devido cumprimento. Ou seja, na hierarquia dos atos normativos, o decreto não pode se sobrepor à lei criada pelo Legislativo, ele é previsto justamente para regulamentá-la. O presidente Bolsonaro tem utilizado do instrumento para modificar as leis e fazer valer seus interesses pessoais.
“Legislar por meio de decretos, menosprezando e subjugando o papel do Poder Legislativo em um regime democrático, é uma forma de minar a democracia por dentro. O exercício de um governo democrático pressupõe respeito absoluto aos poderes e às instituições da República”, destaca o documento.
A nota cita ainda exemplos de medidas autoritárias do presidente, que deveriam ser debatidas de forma democrática por representantes da sociedade dentro do Congresso Nacional, e não definidas por determinação de um único indivíduo, como é o caso do decreto que extingue os conselhos de políticas públicas, daquele que prevê a liberação do porte de armas, e do texto que trata da nomeação dos reitores das instituições federais de educação.
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