Atualizado em 9/4: No dia 6 de abril, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, vetou integralmente o projeto de lei aprovado.Cabe agora à Alerj examinar o veto.
O Estado do Rio de Janeiro deu um passo importante para proibir a revista vexatória nos presídios fluminenses. A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) aprovou nesta terça (10/3), por 45 votos favoráveis e dois contrários, o Projeto de Lei 77/2015, de autoria dos deputados Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Jorge Picciani (PMDB-RJ) e André Ceciliano (PT-RJ).
O projeto segue agora para o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, que tem 15 dias para sancionar ou vetar a proposta.
O texto estabelece que os estabelecimentos prisionais ficam proibidos de submeter visitantes a procedimentos invasivos, como é o caso do desnudamento, dos repetidos agachamentos sobre um espelho e da inspeção anal e vaginal. Determina também que sejam utilizados outros métodos de revista, como detector de metais e scanner corporal, ou que a busca seja feita no preso após a visita.
“Foi um grande avanço a aprovação no Rio de Janeiro. A expressiva votação favorável ao projeto mostra que o legislativo entendeu que a revista vexatória é uma prática humilhante e que estende a punição do apenado a seus familiares”, afirma Vivian Calderoni, advogada da Conectas.
O Rio de Janeiro já possuía uma resolução (330), publicada em novembro de 2009 pela SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), que apontava restrições à revista vexatória determinando, por exemplo, o uso de meios eletrônicos para a realização das inspeções. A resolução, porém, não vinha sendo cumprida.
“Espera-se que com a aprovação da lei a proibição ganhe mais força e seja respeitada pelos estabelecimentos prisionais”, completa Calderoni.
O PL 77/15, porém, não inclui o sistema de privação de liberdade sócio-educativo, para menores de idade. Outra proposta (76/2015), também de autoria de Freixo e Picciani, determina o fim do procedimento para visitantes de adolescentes que estejam cumprindo pena nas unidades do DEGASE (Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas) e está em tramitação na Alerj.
PL Nacional
No âmbito nacional, após passar pelo Senado, em junho de 2014, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados aprovou em novembro, por unanimidade, o Projeto de Lei 7764/2014 que proíbe a realização de revistas vexatórias em todos os presídios brasileiros. O texto agora segue para duas comissões: Segurança Pública e Constituição e Justiça, antes de passar por sanção presidencial.
“Os deputados federais devem seguir os exemplos dados pelos legisladores estaduais de Rio e São Paulo, que já fizeram sua parte”, diz Rafael Custódio, coordenador do Programa de Justiça da Conectas. “Embora seja importante os estados se mobilizarem para acabar com a prática, é fundamental a aprovação federal porque ela proporcionará a unificação dos parâmetros em todo o País”, completa.
O procedimento é considerado “mau trato” pela ONU (Organização das Nações Unidas) e, dependendo das circunstâncias, configura tortura. Embora já seja expressamente proibida em muitos países e o Estado argentino tenha sido condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) em 1996 por esse mesmo motivo, o Brasil continua realizando a revista vexatória.