Silêncio não é opção: Brasil deve ser mais veemente na condenação dos massacres na Síria
Em carta enviada ao ministro Patriota, Conectas pede que Brasil endureça o tom, seja mais propositivo e contribua com ações da ONU
Conectas pediu ontem (30/05) ao ministro Antonio Patriota que o governo brasileiro se posicione pública e oficialmente sobre os massacres ocorridos nos últimos dias na Síria, incluindo aqueles na região de Houla. “Causa-nos espanto que o Ministério de Relações Exteriores não tenha, até o momento, feito declaração pública e oficial perante os cidadãos brasileiros sobre a situação” disse Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas.
No documento, Conectas reconhece a complexidade da crise síria, mas afirma que frente ao atual impasse e recrudescimento da situação, coloca-se ao Brasil o dever ser mais proposito. O diálogo e cooperação, da forma como vêm sendo empreendidos, não resultaram em melhorias concretas no terreno.
“É de notório saber que a situação é complexa e impõe desafios à comunidade internacional. No entanto, o silêncio do governo brasileiro frente ao recrudescimento da situação não é uma opção” completou Lucia Nader, diretora executiva da organização.
Conectas pede, ainda, que o Brasil urja as autoridades sírias a que cooperem com os diversos mecanismos da ONU envolvidos no tratamento da situação, incluindo a Comissão de Inquérito Independente, criada pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH). Amanhã (01/06), o CDH se reunirá, em Genebra, pela quarta vez em sessão especial para tratar da crise. Conectas pede que mesmo na qualidade de Estado observador, o Brasil co-patrocine essa sessão, faça declaração oral firme e contribua para adoção de uma resolução contundente.
“Esforços devem ser feitos também junto ao Conselho de Segurança para que mais observadores sejam enviados rapidamente ao terreno”, conclui Camila Asano.
+ Memória
08/03/2012 – Um ano de repressão na Síria: Conselho de Segurança da ONU tem o dever de agir. Um ano após o início da repressão na Síria, todos os 193 países da ONU têm a obrigação de contribuir para a aprovação imediata de uma resolução pelo Conselho de Segurança (CS) condenando a repressão e as violações cometidas pelo regime sírio. China e Rússia, países com acento permanente no CS e usaram duas vezes seu poder de veto no órgão, têm que apoiar a medida.