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04/02/2016

Recursos para a Síria

Brasil anuncia a maior doação em dinheiro já feita pelo país às vítimas do conflito em conferência de doadores; arrecadação não bate meta estabelecida pela ONU

Ban Ki-moon, United Nations Secretary General, addresses the opening plenary at the Supporting Syria and the Region conference.  BACKGROUND  The Supporting Syria and the Region conference is taking place in London, today on 4 February 2016.  It brings together world leaders in a bid to raise the money needed to help the millions of people whose lives have been torn apart by the devastating civil war in Syria.  Syria is the world’s biggest humanitarian crisis. Billions of dollars in international aid are needed to support people caught up in the conflict.  The UK, Germany, Kuwait, Norway, and the United Nations are co-hosting the conference to raise significant new funding to meet the immediate and longer-term needs of those affected.  The conference is also setting ambitious goals on education and economic opportunities to transform the lives of refugees caught up in the Syrian crisis – and to support the countries hosting them.  This event alone cannot solve all these problems. Ultimately a political solution is necessary to bring the Syrian conflict to an end.  FREE-TO-USE PHOTO  This image is in the public domain and free-to-use, as long as you credit the source as: Adam Brown/Crown Copyright Ban Ki-moon, United Nations Secretary General, addresses the opening plenary at the Supporting Syria and the Region conference. BACKGROUND The Supporting Syria and the Region conference is taking place in London, today on 4 February 2016. It brings together world leaders in a bid to raise the money needed to help the millions of people whose lives have been torn apart by the devastating civil war in Syria. Syria is the world’s biggest humanitarian crisis. Billions of dollars in international aid are needed to support people caught up in the conflict. The UK, Germany, Kuwait, Norway, and the United Nations are co-hosting the conference to raise significant new funding to meet the immediate and longer-term needs of those affected. The conference is also setting ambitious goals on education and economic opportunities to transform the lives of refugees caught up in the Syrian crisis – and to support the countries hosting them. This event alone cannot solve all these problems. Ultimately a political solution is necessary to bring the Syrian conflict to an end. FREE-TO-USE PHOTO This image is in the public domain and free-to-use, as long as you credit the source as: Adam Brown/Crown Copyright

Em reunião realizada hoje (4/2) em Londres, dezenas de países reuniram cerca de US$ 6 bilhões em doações para ajudar na reconstrução da Síria e no atendimento às vítimas do conflito ao longo de 2016, segundo declarações preliminares do primeiro-ministro britânico David Cameron. Outros US$ 4 bilhões já foram prometidos até 2020. Esse é o maior anúncio de doações já feito em um único dia para o alívio de uma crise humanitária, mas ficou longe da meta de US$ 8,9 bilhões estabelecida pelo OCHA (Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU) para este ano com base em avaliações sobre a extensão da crise.

O Brasil anunciou doação de US$ 1,3 milhão através da Acnur (a Agência da ONU para os Refugiados) e se dispôs a enviar, ainda, o equivalente a US$ 1,85 milhão em arroz. No ano passado, em promessa similar, o país afirmou que estaria disposta a enviar US$ 5 milhões em alimentos, mas a doação nunca aconteceu, segundo informado pelo Itamaraty por telefone à Conectas, por falta de meios para viabilizar o transporte até a região.

A nova doação indica um comprometimento crescente do governo federal com a crise, mas o valor total ainda é significativamente inferior ao montante enviado por países com PIB (Produto Interno Bruto) similar ao brasileiro. É o caso da Itália, com quase US$ 29 milhões doados desde 2013, ou do Canadá, com US$ 204 milhões, ainda segundo dados oficiais do OCHA.

“Dois pontos devem ser destacados: o primeiro é a ida do próprio chanceler Mauro Vieira à reunião; o segundo é o anúncio da nova doação, a maior já feita até agora pelo governo brasileiro para as vítimas na Síria neste fórum”, afirma Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas. “São dois sinais positivos de que o Brasil quer ser parte ativa da solução para o conflito”, completa.

A guerra na Síria, iniciada em 2011 como consequência da repressão de protestos contrários ao presidente Bashar Al-Assad, já deixou pelo menos 250 mil mortos e 4,2 milhões de refugiados, segundo as Nações Unidas – o que faz desta a maior emergência humanitária da atualidade.

Segundo comunicado publicado por mais de 90 organizações humanitárias e de direitos humanos de todo o mundo na véspera do encontro em Londres, entre elas a Conectas, uma média de 50 famílias sírias deixam suas casas por hora, a cada dia, desde que o conflito começou. Ainda segundo essa coalizão, 13,5 milhões de pessoas dentro do país dependem de ajuda emergencial.

Leia aqui a íntegra do comunicado conjunto das organizações.

Políticas e recursos

O Brasil tem exercido um papel importante na acolhida de refugiados sírios através de uma política de concessão de vistos humanitários iniciada em 2013 e renovada por dois anos em setembro de 2015. Segundo nota emitida pelo Ministério de Relações Exteriores publicada na quarta-feira (3/2), mais de dois mil sírios já foram beneficiados pela medida.

Segundo Camila Asano, o Brasil deve eliminar totalmente a necessidade de visto para sírios e pode, ainda, criar uma política de reassentamento solidário aos refugiados – uma possibilidade já levantada, inclusive, pelo Ministério da Justiça.

“Hoje, só são beneficiadas pelo visto humanitário as famílias que possuem recursos para pagar a passagem de avião até o Brasil, que é bastante cara, e isso limita o alcance da iniciativa”, afirma. “Precisamos ser mais ousados e propositivos. Uma política de reassentamento solidário, por exemplo, poderia viabilizar o transporte de famílias refugiadas que dependem de ajuda humanitária.”

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