A adoção de uma política de redução de danos para lidar com o problema das drogas é essencial para combater as epidemias de hepatite B e C ao redor do mundo. A estratégia é defendida por organizações da sociedade civil que fazem parte da comunidade de hepatites virais – uma comunidade que inclui pessoas vivendo com hepatite viral, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, pesquisadores, especialistas em saúde pública e pessoas que usam drogas.
Estima-se que, atualmente, entre as 15,6 milhões de pessoas que atualmente injetam drogas, 52% testaram positivo para anticorpos contra hepatite C e 9% vivem com infecção crônica de hepatite B. Acredita-se que o compartilhamento de agulhas, seringas e outros equipamentos injetáveis seja responsável por cerca de 23% das novas infecções.
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De acordo com as entidades, disponibilizar seringas descartáveis, por exemplo, é uma maneira pragmática de evitar que um problema já muito complexo – a dependência por drogas – se torne ainda maior. Da mesma forma, a OMS (Organização Mundial da Saúde) também identificou que a redução de danos é uma das cinco principais intervenções necessárias para se atingir o objetivo de erradicar a hepatite viral até 2030.
“Do ponto de vista da saúde pública e dos direitos humanos, melhorar o acesso à prevenção e tratamento para as pessoas que usam drogas é crucial para reduzir a incidência de hepatite C e eliminar a epidemia”, defendem as organizações, que também chamam atenção para o fato de que “mesmo em países que integraram a redução de danos nas políticas domésticas de saúde pública, a criminalização continua a ser um teto de vidro – pois o medo da prisão continua a afastar as pessoas dos serviços de prevenção e cuidados”.
As entidades expressaram seu posicionamento em um manifesto lido durante “World Hepatitis Summit”, que aconteceu entre os dias 1 e 3/11 em São Paulo. A Conectas assinou o documento, junto com outras 21 organizações.