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01/06/2020

Fechamento de fronteira discrimina venezuelanos

Defensoria Pública da União entra com ação judicial contra medida

People on foot attempting to cross the border between Venezuela and Brazil, in
Pacaraima. People on foot attempting to cross the border between Venezuela and Brazil, in Pacaraima.

A Defensoria Pública da União ingressou com uma Ação Civil Pública na última sexta, 27, pedindo a revogação de uma nova portaria que determina a restrição de entrada temporária a estrangeiros devido ao seu caráter discriminatório.

Publicada no Diário Oficial da União no dia 22 de maio, a norma determina o fechamento parcial da fronteira brasileira por vias terrestres, aquáticas e aérea para pessoas de outras nacionalidades, abrindo exceções para imigrantes com residência no país, estrangeiros que sejam “cônjuges, companheiros, pais, filho ou curador de brasileiro” e migrantes devidamente regularizados portando o Registro Nacional Migratório.

As exceções, no entanto, não se aplicam a pessoas vindas da Venezuela. A norma também permite a o tráfego de pessoas entre cidades-gêmeas – municípios cortados por uma linha de fronteira entre dois países -, porém, também exclui aquelas que se dividem com um município venezuelano.

A DPU afirma que a portaria está gerando uma série de impactos negativos a centenas de milhares de refugiados, migrantes e solicitantes de refúgio no Brasil.

A Conectas e Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que solicitaram nesta segunda (1) ingresso como amicus curiae – contribuições técnicas em decisões dos tribunais – apontam ainda que a medida viola substancialmente a disciplina legal, constitucional e convencional sobre a dinâmica de ingresso no País. 

Isto porque autoridades de fronteira passam a poder inabilitar qualquer pedido pedido de refúgio, assim como realizar deportações e repatriações sumárias. 

“A malfadada inabilitação para o refúgio é medida autoritária e desumana, que ignora o fato de se tratar de pessoa que muitas vezes busca proteção internacional, podendo então ser devolvida a um país onde sua vida e integridade física estão em perigo”, diz trecho da petição. 

As organizações ainda alertam para a ausência de regras claras sobre o tratamento de grupos vulneráveis, como crianças, adolescentes, idosos e potenciais vítimas de tráfico de pessoas. 

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