Política Externa e Eleições

Fora dos debates eleitorais, tema não é visto como política pública pelos candidatos

Apesar de o Brasil ser ator cada vez mais importante no tabuleiro internacional, responsabilidade preponderante para o novo ou nova presidente da república, os assuntos relacionados à política externa tiveram tímida presença durante os debates eleitorais.

O fato de o tema não agregar votos levou os candidatos a não discutirem, por exemplo, sobre como a Política Externa Brasileira deve ser guiada pelos direitos humanos, como está previsto no Art. 4º, inciso II da Constituição Federal, e nos compromissos internacionais assumidos pelo país.

“A Política Externa é também uma política pública e precisa ser debatida entre candidatos e cidadãos”, enfatizou Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas, durante entrevista coletiva realizada neste sábado (4/10) na sede da Conectas.

O não-debate da PEB durante as eleições foi o principal assunto da coletiva da qual participaram os 20 estudantes de Jornalismo, Direito, Ciências Sociais e Relações Internacionais do I Curso de Informação sobre Jornalismo e Direitos Humanos.

Camila ressaltou a necessidade de o novo presidente implementar e cumprir recomendações e decisões do SIDH (Sistema Interamericano de Direitos Humanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da ONU, além de garantir a aproximação do Itamaraty com a sociedade através da criação de um Conselho Nacional de Política Externa.

A especialista integrou a equipe do CBDPE (Comitê Brasileiro de Direitos Humanos e Política Externa), do qual a Conectas faz parte, que elaborou e apresentou 10 propostas aos candidatos à presidência com o objetivo de pontuar uma leitura crítica de como o diálogo entre direitos humanos e política externa tem ocorrido na prática.

Antes da coletiva, Camila proferiu uma palestra sobre o Sistema Internacional dos Direitos Humanos na qual explicou as funções de instituições como a ONU, as instâncias da OEA como a Comissão e a Corte Interamericanas de Direitos Humanos, além de citar os tratados ratificados pelo Brasil.

A partir da palestra e entrevista com a especialista, os estudantes produziram uma matéria a respeito dos temas abordados. Até o encerramento do curso, ao menos uma matéria deve ser publicada em um veículo de comunicação com editor responsável.

Semanalmente, os jornalistas Bruno Paes Manso, Carolina Trevisan, Cláudia Belfort e Fausto Salvadori Filho, que integram a equipe da Ponte, realizarão atendimentos pedagógicos individuais aos estudantes. A Coordenação Pedagógica será realizada pelo jornalista João Paulo Charleaux.