Publicado nesta quarta-feira, 1, o relatório anual 2017 do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), órgão com peritos independentes ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, levanta a suspeita de que 72 presos foram executados, em 2017, por agentes carcerários e tiveram seus corpos ocultados.
O registro dos desaparecimentos ocorreu após a série de rebeliões que eclodiram no início do ano passado em presídios do Norte do país e que deixou mais de 100 pessoas mortas.
De acordo com o estudo, 64 detentos desapareceram da Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, e outros oito presos sumiram da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima.
“Os casos envolvem desde a omissão criminosa do Estado – ao não exercer sua obrigação de empreender investigação e buscas de corpos – até suspeitas fundadas em fortes indícios de práticas de homicídios envolvendo agentes públicos, passando inclusive pela ocultação de cadáveres”, cita trecho do documento.
As administrações penitenciárias de ambos o Estados afirmam não conseguirem localizar os custodiados e alegam não saber se estas pessoas estariam mortas ou foragidas.
No presídio de Alcaçuz, a equipe do Mecanismo obteve informações de que diversos corpos podem ter sido incinerados em uma fábrica de bolas, localizado dentro da prisão, e o restante supostamente foram enterrados em valas improvisadas ou despejados em fossas sépticas.
“O Poder Público é o único responsável pela custódia dessas pessoas e pela segurança das unidades e, portanto, deve ser responsabilizado, no mínimo, por sua omissão diante desse caso absurdo”, reforça Rafael Custódio, coordenador de Violência Institucional da Conectas.
A organização integra o CNPCT (Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), órgão que sistematiza as denúncias de torturas em presídios, além de ser responsável pela escolha dos especialistas que compõem o MNPCT.