Conectas, Instituto Igarapé, Instituto Sou da Paz, Rede Liberdade e Transparência internacional Brasil protocolaram nesta terça-feira (25), no TCU (Tribunal de Contas da União), uma denúncia apontando irregularidades no Pregão 3/2021, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, lançado com o objetivo de contratar empresa para monitorar e gerar relatórios diários de dados em redes de relacionamentos, aplicativos de chat e deepweb. O edital público foi divulgado em maio, com previsão de abertura das propostas no último dia 19 de maio.
As organizações pedem ao ministro Benjamin Zymler, do TCU, a suspensão imediata do pregão e a revogação da contratação. O documento alerta para o fato de que “estamos diante de contratação ilegal, por via inadequada, de sistema potencialmente lesivo à coletividade, que permitirá coleta indiscriminada e indevida de informações, inclusive podendo servir a interesses políticos escusos.”
A denúncia alerta para três possíveis irregularidades da licitação do governo federal, como inadequação da modalidade de licitação escolhida; usurpação de competência e violação do princípio da legalidade; e ilicitude do objeto, já que o sistema será usado para vigilantismo, o que é incompatível com Estado Democrático de Direito e com possível caracterização de desvio de finalidade.
O documento indica suspeita de desvio de finalidade no propósito da licitação. As especificações técnicas tem menos de 1 página, o que é indício de que não se quer que a sociedade saiba o que exatamente sendo licitado. Qualquer sistema contratado pode significar uma violação de direitos: “Preocupa pelos diversos relatos de utilização de sistemas como esse contra cidadãos comuns, ativistas e pessoas que simplesmente sejam opositoras ao governo da vez. Há inúmeros relatos de abusos na utilização desses tipos de sistema ao redor do mundo.”