Cerca de 50 organizações de direitos humanos de diversas partes do mundo repudiaram, nesta sexta-feira, 20, a “escalada sem precedentes” do presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, contra oposicionistas e ativistas no país. Em apenas cinco dias, três funcionários da organização EIPR (Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais, na sigla em inglês) foram presos arbitrariamente.
Em carta endereçada a embaixadores egípcios, as entidades pedem ajuda para a libertação imediata e incondicional de Mohammed Basheer, Karim Ennarah e Gasser Abdel-Razek assim como o arquivamento do caso aberto contra eles.
Ennarah, Diretor de Justiça Criminal da organização de direitos humanos egípcia EIPR (Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais, na sigla em inglês), foi detido na quarta, 18, quando estava em um restaurante em Dahab, cidade turística localizada no sudeste do país, durante suas férias. Ao mesmo tempo, as forças de segurança invadiram sua casa na capital Cairo e confiscaram seu laptop, telefone e pertences pessoais. Ennarah está sendo mantido em local desconhecido e não há nenhuma acusação formal contra ele.
Já Basheer, gerente administrativo da mesma organização, foi preso durante a madrugada de domingo, 15, em sua casa por agentes fortemente armados e mantido sem comunicação por 12 horas até ser transferido para a Promotoria de Segurança do Estado. O profissional foi interrogado sem a presença de seu advogado e acusado, sem nenhuma evidência, de adesão a organização terrorista.
Na última quinta-feira, 19, a EIPR informou que as forças de segurança também prenderam Abdel-Razek, diretor-executivo da entidade, de sua casa em Cairo levando-o para um local desconhecido. A organização teve conhecimento que depois Razek foi levado para a sede da promotoria onde foi interrogado sem direito a advogado e também passou a ser acusado adesão em organização terrorista.
“Acreditamos que Karim Ennarah, Mohammed Basheer e Gasser Abdel-Razek estão sendo alvos exclusivamente por causa do trabalho legítimo da EIPR, a fim de intimidar os funcionários da EIPR e a comunidade egípcia de direitos humanos em geral e, portanto, sua detenção é arbitrária”, apontam as entidades no documento. “Também estamos cada vez mais preocupados com o espaço cada vez mais fechado para organizações como a EIPR e outras que optam por realizar seu trabalho publicamente no Egito e que estão sendo punidos por tentarem defender os direitos humanos e as normas constitucionais no país”, concluem.