Após duas semanas da morte da liderança indígena Tymbektodem Arara, a Associação Indígena do Povo Arara da Cachoeira Seca – KOWIT, em conjunto com o Instituto Maíra e a Conectas Direitos Humanos, reforçam o pedido, nesta quinta-feira (2), que a Polícia Federal no Pará conduza uma investigação célere e completa sobre o caso.
Tymbektodem Arara morreu supostamente afogado no rio Iriri, na Terra Indígena Arara da Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira (PA). Há, contudo, versões contraditórias de como os fatos ocorreram. Uma investigação qualificada, portanto, é necessária para elucidação do caso.
As entidades afirmam que existem lacunas abertas desde o início do caso. Entre elas, a ausência de policiais federais nos primeiros momentos da morte, a realização de oitiva com indígenas sem indicação das próprias lideranças e a falta de acompanhamento integral e contínuo de representantes da Funai após a morte.
Liderança indígena e estudioso da língua Arara, Tymbektodem havia viajado à Genebra, Suíça, no dia 28 de setembro para denunciar no Conselho de Direitos Humanos da ONU as invações e o desmatamento ilegal no seu território indígena.
“Hoje lutamos pela retirada de mais de dois mil invasores, consequência da instalação da hidrelétrica de Belo Monte. Esses impactos colocaram nosso território como um dos mais desmatados do Brasil”, destacou o indígena na ocasião.
Quando retornou da agenda internacional, Tymbektodem foi escoltado pela Força Nacional desde seu desembarque no Pará até a chegada na aldeia.
O povo Arara da Cachoeira Seca lida há anos com intensos conflitos envolvendo ruralistas, fazendeiros e grileiros. Homologada como TI somente em abril de 2016, o poder público ainda não realizou a realocação das famílias não-indígenas que vivem dentro do território, o que causa ameaças e embates, para além de impactar diretamente na preservação da cultura e dos costumes dos indígenas. A TI possui 734 mil hectares.
As organizações solicitam ainda que as autoridades competentes ofereçam proteção às demais lideranças indígenas do território e o seguimento do processo de desintrusão da TI como formas de garantir a integral proteção do povo originário residente do local. Elas também pedem a presença permanente de agentes da Funai e os demais agentes de segurança pública na área.