Artigo publicado por Juana Kweitel, diretora-executiva da Conectas, e por Marcos Fuchs, advogado e diretor-adjunto da Conectas, no site da Open Global Rights.
O Trump dos Trópicos? para dupla de Duterte? Jair Messias Bolsonaro, presidente-eleito brasileiro, entrará para o clube de líderes populistas de uma direita em crescente expansão quando assumir o poder em 1º de Janeiro de 2019. Mas onde ele se encontra dentro desse espectro de líderes – e o que, por fim, sua presidência representará para os direitos humanos no Brasil – é menos evidente, ainda que preocupante.
Uma recente pesquisa no Brasil indicou que o apoio à democracia no país nunca foi tão alto. Isso parece contradizer a eleição de Bolsonaro, dada sua defesa à ditadura brasileira, e seu respeito limitado pela Constituição. Nesse contexto, a questão principal que devemos fazer é: ele será um presidente democrático?
A maior parte do plano de governo de Bolsonaro não é detalhado, o que faz com que tenhamos que basear boa parte de nossa análise sobre como ele pretende governar em seus discursos de campanha. Contudo, sua retórica é frequentemente incoerente. Ademais, para complicar mais o cenário, suas indicações para ministérios estratégicos sugerem que existirão interesses concorrentes dentro do governo – de um ministro da economia liberal, a um ministro da defesa nacionalista, um ministro da justiça punitivista, um ministro do meio-ambiente que não acredita no aquecimento global e uma religiosa conservadora como ministra dos direitos humanos. Ainda não está definido qual interesse prevalecerá.