Artigo publicado por Camila Asano, Coordenadora de Programas da Conectas, e por Gustavo Huppes, assessor do programa Espaço Democrático da Conectas, no site do portal UOL.
A defesa do multilateralismo é marca histórica da diplomacia brasileira e nossa projeção e reconhecimento internacionais vêm, em grande parte, dessa tradição. O Brasil fez parte da criação da Liga das Nações em 1919, posteriormente da ONU em 1945 e de outros tantos organismos multilaterais. Temos a honra de abrir, a cada ano, a sessão da Assembleia Geral nas Nações Unidas.
Há duas semanas a Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, proferiu um discurso no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em que acenou positivamente ao sistema multilateral, afirmando que o governo retomaria as visitas de procedimentos especiais da ONU ao país e pediu apoio à candidatura do Brasil para mais um termo como membro do órgão da ONU responsável pela a promoção e proteção dos direitos humanos no mundo.
O compromisso da Ministra Damares parece não estar completamente alinhado com o discurso do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O sistema multilateral vem sendo atacado por Araújo, que em diversos discursos denuncia um suposto globalismo, que o vê como uma ameaça à soberania nacional.