Na quarta-feira (28), o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, sediado em Genebra, Suíça, recebeu duas denúncias de indígenas brasileiras contra crimes ambientais e de direitos humanos que estão ocorrendo na Amazônia brasileira.
Os problemas socioambientais, bem como o descaso em resolvê-los, foram apresentados à comunidade internacional por Conectas, Kanindé, Instituto Socioambiental, Instituto Maíra, Associação Jupaú e Associação Kowit.
Em uma das denúncias, a ativista socioambiental e indígena Neidinha Suruí se pronunciou em nome das terras indígenas Arara da TI Cachoeira Seca e Uru-Eu-Wau-Wau, áreas onde vivem indígenas de recente contato. De acordo com ela, os territórios sofreram diretamente com o aumento do desmatamento na Amazônia e com o aumento das ameaças e violências diante do avanço dos crimes de garimpo ilegal, grilagem de terras e venda ilegal de madeira e gado.
“Tais crimes socioambientais estão prejudicando não apenas o meio ambiente e o aprofundamento desigual das mudanças climáticas, mas estão prejudicando a garantia de vida e dignidade dos povos originários e tradicionais. Embora sejam os maiores responsáveis pela proteção das florestas, esses povos também estão entre os defensores mais vitimados por assassinatos e perseguições na América Latina”, afirmou Neidinha Suruí, que também apoia a comunidade internacional na proteção da Amazônia e da vida dos povos que ali habitam.
No outro pronunciamento, a ativista indígena Txai Suruí chamou a atenção do conselho para o avanço das violações de direitos humanos contra os povos da Amazônia e os graves crimes socioambientais. Ela também destacou o papel das empresas neste cenário. “É necessário que os governos exijam comprometimento real das empresas por cadeias produtivas transparentes e livres de trabalho escravo. Livre de desmatamento e crimes socioambientais. Em todo o mundo, é necessário questionar a origem dos produtos que consumimos. É preciso que os bancos não financiem o desmatamento, como a recente campanha do Parlamento Europeu que precisa ganhar escala para o mundo.”