Organizações da sociedade civil enviaram nesta quinta-feira, 2/8, um comunicado à ONU denunciando a condenação dos 23 ativistas presentes em protestos realizados em 2013 e 2014. Na sexta-feira, 3, uma coletiva de imprensa irá discutir os casos, em São Paulo, com a presença dos acusados e familiares.
Em carta remetida ao relator especial sobre direito à liberdade de reunião e associação pacífica, Clement Voule, a Conectas, a Artigo 19, a Justiça Global e a Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola apontam que as acusações contra os manifestantes “configuram uma tentativa de criminalizar o direito de protestar”.
As entidades solicitam às Nações Unidas que emitam uma declaração pública sobre o caso e que pressionem o governo brasileiro para que a decisão seja anulada.
“O processo, como um todo, representa uma grave violação do direito de reunião e associação pacífica. Alguns elementos, no entanto, são esmagadores: em diferentes instâncias, a filiação política era a única base para acusações de associação criminosa; a prisão preventiva foi justificada pela assistência a uma assembléia pacífica; Todos os 23 acusados tiveram suas penas elevadas ao máximo legal devido à participação em protestos (o que, pelas próprias palavras do juiz, significa que eles têm “personalidades distorcidas”), entre outros.”, cita trecho da carta.
As organizações também criticam o desrespeito pelos argumentos apresentados pelos advogados de defesa, o uso de depoimentos de agentes infiltrados como uma das principais evidências e destacam que os acusados já foram penalizados:
“ (…) todos os 23 acusados foram presos, inicialmente por 5 dias, (e depois condenados) sem provas concretas para apoiar seu envolvimento em quaisquer crimes. O juiz também ordenou a prisão preventiva de três dos réus por participarem de uma assembléia pacífica (algo que eles foram proibidos de fazer durante a duração do processo penal). Um dos réus foi preso por 07 meses em uma instalação de segurança máxima.”
Condenação
No dia 17 de julho, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou, em fotouma única sentença, 20 manifestantes a sete anos de prisão e os outros três, menores de idade, a cinco anos e dez meses. As acusações envolvem crimes como formação de quadrilha, corrupção de menores, dano qualificado, resistência, lesões corporais e posse de artefatos explosivos.
No dia 24 foi lançada a campanha “Não é só pelos 23, é por todas e todos que lutam”, em apoio aos ativistas.
Coletiva de imprensa
Nesta sexta-feira, 3/8, acontece uma coletiva de imprensa para discutir as arbitrariedades cometidas no processo de condenação. O evento aberto ao público será realizado a partir das 10h no Ateliê do Bexiga (R. Conselheiro Ramalho, 945).