por Sarah Furtado e Pâmela Ellen*
Traduzir a linguagem técnica para a audiência não-especializada é um dos grandes desafios dos movimentos de direitos humanos para alcançar legitimidade. Essa questão, apontada pelas organizações como uma das mais desafiadoras, foi um dos focos do laboratório aplicado nesta terça-feira, 3, pela ONG colombiana Dejusticia, co-organizadora do 15º Colóquio Internacional de Direitos Humanos.
De acordo com Krizna Gomez, facilitadora do Laboratório de Direitos Humanos e coordenadora de pesquisa da Dejusticia, a proposta é trabalhar na análise e resolução de problemas por meio do método “Human Centered Design”, que coloca a comunidade no centro da perspectiva.
“Começa com a suposição de que nós não sabemos qual é o problema. Sabemos que ele existe e que podemos resolvê-lo. Mas exige humildade e otimismo para descobrí-lo”, explica Gomez. “A ideia é identificar a raiz dos desafios e mapear os problemas decorrentes deles”.
Além da questão da legitimidade, o laboratório trabalhou também inovação e foco. Num primeiro momento, os grupos formularam mapas de ideias centralizando a análise dos problemas nas pessoas e entidades envolvidas. A partir daí, trabalharam na desconstrução das ideias até atingir o problema central de acordo com as necessidades de cada organização. Após isso, delimitando o problema fundamental, trabalharam na sugestão de soluções.
Ao final das oficinas, cada grupo apresentou as estratégias escolhidas para a resolução do problema por meio do engajamento de mecanismos locais, construção de diálogo entre comunidade e empoderamento das vítimas como articuladores da própria luta.
“Promover direitos humanos não exigia justificativas, mas com a mudança causada pelos retrocessos governamentais ao redor do mundo, há a necessidade de legitimar nosso trabalho”, diz César Rodriguez-Garavito, diretor-executivo do Dejusticia. “Nossa intenção, era gerar colaboração e inovação entre os ativistas, evitando a competitividade, promovendo ajuda mútua e sempre acompanhando as transformações que acontecem”, conclui César.
Sobre o Colóquio
Entre os dias 2 e 6 de outubro, 80 ativistas de direitos humanos de 31 países estarão reunidos em São Paulo para o 15o Colóquio Internacional de Direitos Humanos. Com uma programação intensa, o objetivo do evento é debater o tema “Direitos Humanos: crise ou transição?”, compartilhar experiências e propor soluções para enfrentar quadros de retrocessos em escala local, regional e global.
Neste ano, a Conectas organiza o encontro junto com Forum Asia (Tailândia), o Centro de Direitos Humanos da Universidade de Pretória (África do Sul) e o Dejusticia (Colômbia).
*Sarah Furtado e Pâmela Ellen são jornalistas voluntárias do grupo de cobertura do 15o Colóquio Internacional de Direitos Humanos