Com 50 tiros de fuzil, a Polícia Militar do Rio de Janeiro pôs fim a vida de cinco jovens que passeavam de carro no bairro de Costa Barros, zona norte da capital carioca, na madrugada deste domingo (29). Roberto de Souza, 16, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16, Cleiton Correa de Souza, 18, Wilton Esteves Domingos Junior, 20, e Wesley Castro Rodrigues, 25, foram surpreendidos por uma emboscada policial armada contra traficantes locais.
Além da prisão por tentativa de homicídio doloso, os quatro policiais envolvidos na ação também responderão por fraude processual, já que teriam tentado forjar um tiroteio com as vítimas – duas delas de apenas 16 anos -, segundo apuração da Polícia Civil.
A Conectas se solidariza com as famílias das vítimas e exige que os responsáveis sejam investigados e punidos. Para a organização, muito além da “falha de caráter” dos agentes, como alegado pelo secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, os assassinatos remetem a um procedimento padrão das polícias que se configuram em verdadeira “pena de morte” nas periferias urbanas contra jovens e negros.
Segundo levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, coordenado pelo prof. Ignacio Cano, o 41° Batalhão da PM, ao qual pertencem os policiais acusados pelos assassinatos em Costa Barros, ocupa há três anos o topo do ranking de homicídios em supostos confrontos com a polícia. A alta letalidade e a atuação vingativa pessoal só é possível dentro da lógica militar – de guerra contra inimigos – pela qual são formadas nossas forças de segurança.
Diante desse cenário de brutalidade e descontrole, é fundamental que o poder público atenda a pedidos de mudanças estruturais historicamente demandadas pela sociedade civil organizada:
Sem um real compromisso com essas mudanças estruturais – recomendadas no relatório final da Comissão Nacional da Verdade e objeto da proposta de emenda constitucional n.º 51 de 2013 (sen. Lindbergh Farias – PT/RJ) – as polícias brasileiras e, em particular, do estado do Rio de Janeiro, continuarão a figurar entre as mais violentas do mundo.