Conectas presta total solidariedade às famílias de Adalberto Brito da Costa, Antônio Neves Neto, Deivison Lopes Oliveira, Eduardo Bernardino César, Eduardo Oliveira dos Santos, Fernando Luiz de Paula, Igor Silva Oliveira, Jailton Vieira de Silva, Jonas dos Santos Soares, Joseval Amaral da Silva, Leandro Pereira Assunção, Manuel dos Santos, Presley Santos Gonçalvez, Rafael Nunes de Oliveira, Rodrigo Lima da Silva, Thiago Marcos Damas, Tiago Teixeira da Souza e Wilker Thiago Correa Osório e exige investigação imediata por parte do Estado, punindo os responsáveis pelos crimes.
Essas 18 pessoas foram executadas na madrugada da última sexta-feira (14/8) nas cidades de Osasco e Barueri. Foi uma das maiores chacinas registradas em São Paulo. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), há indícios da participação de policiais nos assassinatos, que estariam se vingando da morte de um agente, poucos dias antes, durante um assalto – um ciclo de violência e vingança que se repete com frequência aterradora nas regiões periféricas.
A organização também demanda uma revisão urgente dos mecanismos estruturais que continuam permitindo que agentes do Estado imponham a pena de morte à população mais vulnerável das periferias. Nesse sentido, é imperativo que o Ministério Público, por exemplo, tenha mais compromisso com o controle da atividade policial e que os órgãos de perícia como o Instituto Médico Legal e o Instituto de Criminalística sejam independentes.
Hoje, eles estão diretamente ligados à Secretaria de Segurança Pública – o mesmo órgão que controla e comanda as polícias. Essa dependência ameaça o esclarecimento dos crimes, abrindo ainda mais brechas para que as execuções se repitam.
A chacina de Osasco e Barueri impõe também uma obrigação ao poder público e à sociedade: a urgente e inadiável reforma do modelo militarizado de polícia herdado da ditadura, que continua reproduzindo a visão do cidadão como potencial inimigo a ser combatido.
Sem real compromisso com essa mudança estrutural, as polícias brasileiras e, em particular, do estado de São Paulo, continuarão a figurar entre as mais violentas do mundo. Segundo dados da SPP, os seis primeiros meses de 2015 registraram recorde de pessoas mortas em suposto confronto com policiais civis e militares em horário de serviço. Foram 347 pessoas, 7,7% a mais do que o registrado no mesmo período de 2014 – o maior número em 12 anos.
Por trás de cada um desses números, uma conta que não fecha: agonia de famílias e comunidades inteiras se multiplica enquanto minguam as chances de construção de uma sociedade mais igual e mais respeitosa dos direitos humanos.