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29/07/2019

Conectas cobra investigação do assassinato de liderança indígena Wajãpi

É imprescindível uma apuração rigorosa e imparcial das circunstâncias, identificando e responsabilizando as pessoas envolvidas no assassinato de Emyra Wajãpi

Os Wajãpi do Amapari, moram no estado do Amapá, numa
terra que foi homologada em 1996, situada entre
os municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari. Foto: FUNAI Os Wajãpi do Amapari, moram no estado do Amapá, numa terra que foi homologada em 1996, situada entre os municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari. Foto: FUNAI

Conectas Direitos Humanos repudia veementemente o assassinato da liderança Emyra Wajãpi, de 68 anos, ocorrido na segunda-feira passada, 22, na região da aldeia Waseity, na Terra Indígena Wajãpi, em Pedra Branca do Amapari, no Amapá.

Segundo informações divulgadas pelo Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina, a morte violenta de Emyra Wajãpi teria sido constatada apenas no dia seguinte, terça-feira, 23. Relatos dão conta que ele teria sido esfaqueado no meio da mata enquanto se deslocava até sua aldeia. Nos dias seguintes outros invasores foram avistados na TI Wajãpi, inclusive armados, nas proximidades das aldeias Yvytotõ e Karapijuty. Na sexta-feira, 26, o Conselho Apina informou a invasão à Funai e MPF, requerendo que a Polícia Federal fosse acionada.

O ano de 2019 tem testemunhado um incremento preocupante nas invasões de terras indígenas no Brasil. Segundo dados do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), desde o início do ano as invasões de terras indígenas aumentaram 150%. O aumento no número de invasões de territórios ocupados por povos indígenas e acirramento da violência na região amazônica ocorrem em paralelo a manifestações do presidente Jair Bolsonaro, que tem defendido flexibilizar a legislação para permitir o garimpo e mineração em terras indígenas.

Metade da Terra Indígena Wajãpi encontra-se dentro da Reserva Mineral de Cobre e seus Associados – Renca, área de 47 mil quilômetros quadrados na Amazônia, entre os Estados do Pará e do Amapá, que foi objeto de extinção em agosto de 2017, por meio de decreto assinado pelo então presidente Michel Temer, visando possibilitar que seu território fosse explorado para extração mineral. Após condenação nacional e internacional, a medida foi revertida, tendo os Wajãpi papel fundamental na resistência pela preservação da cobertura florestal da região e barreira contra a mineração na Amazônia.

É imprescindível uma apuração rigorosa e imparcial das circunstâncias, identificando e responsabilizando as pessoas envolvidas no assassinato de Emyra Wajãpi. À sua família e comunidade da Terra Indígena Wajãpi, Conectas expressa sua mais profunda solidariedade.

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