Crimes cometidos por cartéis no México, por grupos criminosos no Brasil, por beligerantes na Colômbia e pela polícia do Chile estão entre as principais questões relacionadas à segurança dos jornalistas que se dedicam a cobrir temas ligados aos direitos humanos na América Latina. Uma visão desses problemas e sugestões para superá-los foi apresentada hoje (05/03) por uma equipe da Conectas na 19ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.
“Impedir o trabalho, ameaçar ou matar jornalistas sempre foi uma maneira brutalmente eficaz de romper toda a cadeia de respeito aos direitos humanos. É uma forma sórdida de abrir caminho para que crimes de corrupção, seqüestro, tortura, tráfico, grilagem e tantos outros que impactam negativamente sobre os direitos humanos continuem acontecendo escondidos”, disse João Paulo Charleaux, coordenador de Comunicação da Conectas. “Dar visibilidade internacional a essa perseguição e cobrar ação dos Estados é uma forma de proteger os jornalistas contra uma prática inaceitável”, completou.
Além de “acolher com satisfação” o documento apresentado pela relatora especial da ONU para defensores de direitos humanos, Margaret Sekaggya, Conectas apresentou novas informações sobre contextos subestimados, como as 3 mortes de jornalistas brasileiros nos três primeiros meses deste ano, que colocam o país na segunda posição de país mais perigoso para jornalistas atualmente segundo o International News Safety Institute (INSI). As mais de 30 agressões contra jornalistas registradas no Chile desde março de 2010 também foram expostas em Genebra. E Conectas sugeriu que crimes cometidos por policiais sejam julgados pela justiça comum e que a relatoria estreite laços com organizações latino-americanas que monitoram os ataques, como forma de melhorar o entendimento da ONU sobre estes contextos.
À tarde, em um evento paralelo no Palácio das Nações, sobre o mesmo tema, a organização mencionou a perseguição judicial ou política e a crescente polarização entre governos e algumas grandes empresas privadas de comunicação da América Latina. Nestes casos – e especificamente do ponto de vista da segurança dos profissionais de imprensa -, a organização teme que o uso de ataques verbais e campanhas difamatórias em escala nacional levem a um ambiente propício para a violência.
O evento paralelo foi promovido por Conectas, Cairo Institute for Human Rights Studies, International Service for Human Rights, Observatory for the Protection of Human Rights Defenders, Forum Asia e Human Rights House Foundation, com apoio do Ministério de Relações Exteriores da Noruega.