Ao menos 20 defensores ligados a causas ambientais e a direitos humanos foram assassinados no Brasil em 2018, aponta o relatório “Inimigos do Estado” divulgado nesta terça-feira, 30, pela ONG Global Witness. É a primeira vez que o país não aparece como o Estado mais perigoso para esse tipo de defensores desde 2012, ano em que a organização começou a publicar dados sobre o tema.
No total, 164 pessoas foram assassinadas ao redor do mundo por defenderem a preservação do meio ambiente e por se posicionarem contra abusos do Estado e de empresas, principalmente dos setores de mineração e do agronegócio. No ranking, as Filipinas aparecem em primeiro lugar, com 30 execuções, seguida pela Colômbia (24) e pela Índia (23).
Em 2017, o Brasil registrou 57 mortes de defensores socioambientais. No mesmo ano, foram contabilizados 201 mortes pelo mundo. No entanto, a queda do número de homicídios em 2018 não representa um parâmetro fiel da realidade e tampouco significa que as estatísticas continuaram a melhorar em 2019.
Segundo a Global Witness, como muitas mortes não são oficialmente registradas, os dados apresentados compõem um retrato subestimado do que realmente acontece na prática. Para Jefferson Nascimento, assessor do programa de Desenvolvimento e Direito Socioambiental da Conectas, há uma tendência cada vez maior de ameaça a defensores em território nacional.
“Diante de um contexto de retrocessos e desmantelamento de legislações ambientais, combinado aos discursos de Bolsonaro de que comunidades rurais e populações indígenas representam um empecilho ao crescimento econômico, o cenário tende a ser cada vez mais hostil a todos que estão engajados nessas causas”, enfatiza Nascimento.