A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, subiu à tribuna do Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta segunda-feira (24) para defender a imagem do governo Jair Bolsonaro diante da comunidade internacional.
De acordo com Alves, ela vinha apresentar um “novo Brasil”. Destacou a redução de homicídios, o combate ao crime organizado, a nova ouvidoria de direitos humanos e o combate à corrupção.
“Não fazemos discurso de homenagem aos direitos humanos e à justiça social como cortina de fumaça para o desvio institucionalizado de bilhões de dólares destinados à saúde, à educação, à segurança pública. Estamos na verdade fazendo o caminho de volta. Em 2019 o equivalente a mais de 25 milhões de dólares em ativos recuperados da operação Lava-Jato foram destinados à promoção de direitos de adolescentes em conflito com a lei. O dinheiro da corrupção agora vai para políticas públicas de defesa dos direitos humanos no Brasil”, declarou a ministra.
Veja o pronunciamento a seguir:
De acordo com Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas a ministra tentou blindar a imagem do Brasil na ONU com discurso repleto de omissões.
“O governo Bolsonaro se elegeu a partir de uma plataforma anti-direitos e com discurso de ódio contra indígenas, LGBTs, negros e mulheres. Esse governo vem implementando exatamente esse discurso”, argumentou Asano. “Ele segue apresentando projetos que violam sistematicamente direitos humanos tais como a excludente de ilicitude, ou de mineração em territórios indígenas, enquanto atacam jornalistas com discursos misóginos e chamam pessoas que vivem com HIV/AIDS de ‘despesa’ para o Estado.”
Asano destacou ainda uma mudança de postura da política externa brasileira, que deixou de olhar as grandes questões globais para focar em propaganda e defesa de uma administração.
“O discurso da ministra reflete o encolhimento da relevância internacional do Brasil no mundo. Damares usou seus minutos apenas para a autopropaganda tentando desviar a atenção das graves violações cometidas pelo Governo Bolsonaro”, avaliou Asano. “Ser membro do Conselho de Direitos Humanos implica compromisso em buscar soluções para as diversas crises de liberdades e opressões no mundo e a única situação brevemente mencionada foi a da Venezuela, sendo que o foco foi novamente a autopropaganda das medidas do Brasil”, conclui.