Voltar
-
01/06/2015

Mentes e corações

Em debate sobre comunicação em direitos humanos no XIV Colóquio, especialistas discutem estratégias de mobilização

Para Sueli Carneiro, a internet se transformou em um espaço para o ativismo. Para Sueli Carneiro, a internet se transformou em um espaço para o ativismo.

Tão importante quanto falar de direitos humanos em uma linguagem acessível ao público, é necessário abastecer os ativistas com novas informações para o fortalecer o seu discurso, destacaram os participantes do painel “Pesquisa e Comunicação em Direitos Humanos”, realizado quinta-feira (28/5) no XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos.

Na mesa, Sueli Carneiro, coordenadora executiva do Geledés, Haris Azhar, coordenador da organização indonésia KontraS, Archana Pandya, diretora executiva do Open Global Rights, Juana Kweitel, diretora de Programas da Conectas, e Thiago Amparo, editor da Revista Sur, discutiram sobre estratégias online e ferramentas de comunicação. O encontro contou com a mediação do professor da FGV José Bertoluci.

Sueli Carneiro destacou que a internet se transformou em um espaço para o ativismo, especialmente quando as organizações de direitos humanos enfrentam uma crise de financiamento. O Portal Geledés, hoje com 215mil seguidores pretende atingir diferentes tipos de público. “É preciso fornecer um tipo de conteúdo que responda ao usuário desinformado, mas também produzir algo para alimentar a militância”, destacou.

A importância do tom didático nos materiais de comunicação se dá, principalmente, pelo preconceito em relação aos direitos humanos em países como o Brasil, explicou Carneiro.

Na Indonésia, a KontraS tem investido em estratégias que aliam pesquisa e novas técnicas de mobilização, entendendo o papel determinante das redes sociais para alcançar a população. “Nós nos demos conta de que as redes sociais são uma nova regra, mas não podem ser usadas sozinhas. Pesquisa é essencial, pois as mídias online não têm poder se você não tiver nada a dizer”, ressaltou Haris Azhar. KontraS utiliza também os SMS para manter a população rural atualizada sobre seus casos.

Neste mesmo sentido, Juana Kweitel ressaltou que as campanhas e mobilizações na internet não devem ser o fim de uma ação, mas parte dela. “Eu não acredito no online cegamente. Não acho que as mudanças acontecem no Facebook”, explicou.

Até mesmo as publicações voltadas a uma categoria mais especializada têm a possibilidade de se tornarem mais acessíveis ao público em geral, explicou Thiago Amparo. Ele citou o exemplo da Revista Sur, publicação acadêmica que há dez anos recebe contribuições de especialistas do mundo inteiro, principalmente do Sul Global, que atualmente passa por um processo de renovação e atualização.

Da mesma forma, no Open Global Rights, fórum online multilíngue voltado para o debate entre os movimentos dos direitos humanos em todo o mundo, sempre toma o cuidado de publicar textos curtos e fáceis de ler. Esses textos sempre possuem vários hiperlinks – o  que abre a possibilidade de uma leitura mais aprofundada.


Esse texto foi produzido por Danillo Oliveira e faz parte da cobertura colaborativa do XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos.

Informe-se

Receba por e-mail as atualizações da Conectas