Até 2030, o déficit de recursos para investimentos em infraestrutura no mundo está estimada em US$ 90 trilhões. Diante deste cenário, os países BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) decidiram, em 2015, criar sua própria instituição financeira, o NBD (Novo Banco de Desenvolvimento). No relatório “Construindo a infraestrutura para o desenvolvimento sustentável do século 21: lições e oportunidades para o NBD”, entidades apresentam diretrizes para a implementação da estratégia do banco.
Elaborado pela Conectas e pelo Center for African, Latin American and Caribbean Studies da School of International Affairs, O.P. Jindal Global University (India), em parceria com a Fudan University (China), traz uma definição operacional de infraestrutura sustentável, apresenta princípios para nortear o NBD no desenho e implementação de projetos sustentáveis e, por fim, desenvolve um modelo para auxiliar na construção de critérios de sustentabilidade dos projetos infraestrutura conduzidos pelo NBD.
“A ideia do relatório é servir de pontapé inicial para a futura definição de critérios de avaliação da sustentabilidade dos projetos do NBD, pensando-se na implementação de sua Estratégia 2017-2021 e além. O fato de termos contado com a colaboração de parceiros é justamente para dar um caráter plural às propostas, uma vez que o NBD vai atuar em países tão diversos, com características muito particulares. O resultado mostra que o esforço conjunto da sociedade civil e das universidades é uma forma poderosa de desenvolver conhecimento e ferramentas práticas para influenciar os rumos da nova instituição em direção a um desenvolvimento que assegure e promova direitos”, explica Caio Borges, coordenador de Empresas e Direitos Humanos da Conectas.
O relatório também apresenta como recomendação, a criação de linhas de crédito voltadas ao investimento em infraestrutura social partindo da ideia de que quanto maior for a sustentabilidade do projeto, maior também será a destinação de recursos e melhores serão as condições de financiamento. Outra sugestão diz respeito à contratação dos profissionais que irão compor o corpo de funcionários do banco. As entidades defendem que a igualdade de gênero deve ser um critério norteador para todas as operações do banco, e que, do ponto de vista interno, haja a incorporação de mulheres para cargos executivos.
O conjunto de recomendações tem como objetivo orientar os cinco anos iniciais da elaboração da estratégia do NBD com a proposta inovadora de olhar para o desenvolvimento sob uma nova perspectiva. “Acreditamos que as recomendações trazidas pelo relatório vão contribuir sobremaneira para que o NBD já inicie suas atividades seguindo à risca critérios e parâmetros que subvertam a lógica de investimento a qualquer custo. A nossa ideia é justamente que o banco trabalhe sob uma perspectiva transformadora, que não se limite a mitigar os impactos socioambientais, mas que gere soluções de longo prazo para as comunidades do entorno dos projetos e para os países”, conclui Caio Borges.