Dezenas de organizações ligadas a povos indígenas e ao meio ambiente emitiram nesta terça-feira, 27, uma carta de repúdio a atitude do governo brasileiro durante a COP25 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), revelado pela imprensa nesta semana.
O documento que é destinado a Patricia Espinosa Cantellano, Secretária Executiva da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), revela a surpresa das instituições signatárias ao saber, por meio de um jornal, que o governo federal designou quatro agentes secretos para monitorar delegados brasileiros no evento.
O motivo da indignação é que os agentes violaram a segurança, o pensamento, o discurso da liberdade e a imunidade consagrada aos representantes do Brasil nas instalações da ONU – um direito garantido pelas Nações Unidas.
A COP25 ocorreu de 2 a 13 de dezembro de 2019 em Madrid, na Espanha, mas o caso de abuso só foi revelado neste mês de outubro.
De acordo com as entidades, o governo brasileiro agiu sem comunicar a UNFCCC e esperam contar com o secretariado da sigla para que o caso não se repita novamente.
Procurado pela imprensa, Augusto Heleno, ministro de Segurança Institucional do Brasil, que supervisiona a ABIN (Agência Nacional de Inteligência), admitiu que enviou agentes para monitorar “maus brasileiros”, e que continuaria a fazê-lo no futuro.