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02/06/2015

Fazer a democracia funcionar

Uso de ferramentas digitais para incentivar participação na política marca debate no XIV Colóquio

“Como não há direitos, por que as pessoas vão assumir um compromisso com a política?”, questionou Figueroa “Como não há direitos, por que as pessoas vão assumir um compromisso com a política?”, questionou Figueroa

Ao mesmo tempo em que a internet tem potencializado a polarização entre opiniões conflitantes, novas ferramentas digitais são vistas por ativistas, especialistas e até autoridade públicas como esperança para uma maior participação social.

Para os palestrantes do painel “Democracia e as novas ferramentas de participação”, realizado quinta-feira (28/5) no XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos, as plataformas virtuais têm sido uma aposta na promoção de uma maior interação entre sociedade e o poder público diante da crise generalizada da democracia representativa.

O tema foi debatido por Ronaldo Lemos, diretor do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), Rogério Sottili, secretário adjunto de Direitos Humanos de São Paulo, e Francisco Figueroa, uma das lideranças do movimento estudantil chileno. A moderação ficou por conta de Jéssica Carvalho Morris, que assume a diretoria Executiva da Conectas a partir de julho de este ano.

Figueroa destacou que a apatia política, presente tanto em países desenvolvidos quanto em emergentes, é resultado de uma forma de governo que não respeita a opinião da população nem preza por seus diretos.

“Hoje, no Chile, pouca gente participa das eleições. Como não há educação, saúde, nem direitos, por que as pessoas vão assumir um compromisso com a política?”, questiona. “O Estado deve considerar a sociedade e os movimentos sociais como atores com capacidade para tomar decisão, e não como meros espectadores. Sem participação da sociedade não temos democracia, mas um simulacro de democracia”, conclui Figueroa.

Segundo Rogério Sottili, para fortalecer a democracia, as autoridades devem fazer com que as pessoas se sintam empoderadas na cidade. “Nós precisamos avançar no campo da sociabilidade e na integração entre o indivíduo e o espaço público”, ressaltou.

O papel das novas tecnologias neste contexto, aponta Ronaldo Lemos, é contribuir com a qualificação do debate. “Sem um debate público esclarecido, como vamos garantir uma sociedade democrática? Ajudar a sofisticar o conhecimento é uma das tarefas mais importantes no uso da tecnologia”, completou.

Como exemplo, Lemos falou sobre a experiência da construção do Marco Civil da Internet no Brasil. “O Marco Civil foi, antes de mais nada, uma reação da sociedade contra propostas reacionárias no Congresso”, concluiu.


Esse texto foi produzido por Danillo Oliveira e faz parte da cobertura colaborativa do XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos.

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