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18/06/2020

Estudo aponta falhas em políticas de direitos humanos e meio ambiente no Brasil

Relatório afirma que ataques do governo a instituições democráticas ocorre com complacência e cumplicidade das empresas



Estudo produzido pela FIDH (Federación Internacional por los Derechos Humanos), SOMO e por organizações não-governamentais de diversos países, incluindo as brasileiras Justiça nos Trilhos e Conectas, e publicado nesta quarta-feira (17), aponta graves ataques às políticas de direitos humanos, incluindo ambientais, trabalhistas e bem estar social. O estudo demonstra também as falhas e violações desses direitos por parte do setor privado. Esses fatores são empecilhos  à conduta empresarial responsável no país.

De acordo com o relatório, o país apresenta casos alarmantes de empresas privadas que se envolveram ativamente em violações sistêmicas da legislação doméstica e de padrões internacionais que protegem os direitos humanos e o meio ambiente. 

O documento será apresentado ao Grupo de Trabalho sobre Conduta Empresarial Responsável da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que está realizando uma análise sobre a conduta empresarial responsável no Brasil. O país é um dos seis candidatos a iniciar o processo de entrada no organismo internacional e, desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, vem fazendo uma série de concessões importantes aos Estados Unidos em troca do apoio norte-americano.

“Infelizmente, ainda existem exemplos difundidos de empresas, nacionais e multinacionais, que demonstraram complacência e cumplicidade diante das condições deteriorantes da governança ambiental no Brasil, apesar de seu peso político substancial”, diz trecho do estudo.

“As populações mais afetadas são as mais vulneráveis: povos indígenas e comunidades rurais, defensores dos direitos humanos, trabalhadores pobres e migrantes, mulheres e crianças. Essas violações são ativadas por grandes lacunas na governança”, conclui o documento.

No mesmo dia do lançamento, a OCDE realizou um evento virtual no qual autores do estudo e representantes das entidades que o assinam falaram sobre as falhas apontadas no documento. 

Julia Neiva, coordenadora de Desenvolvimento e  Direitos Socioambientais da Conectas, abordou o desmonte das políticas de combate à escravidão moderna e os ataques aos direitos trabalhistas e socioambientais, além da crise democrática e política no país. 

Pandemia

Além disso, o estudo alerta para  o fato do surto de COVID-19 ter aumentando a crise social e econômica existente no país, lembrando que presidente Bolsonaro negou a gravidade da pandemia, promoveu confusão na opinião pública, e impôs medidas que protegem veementemente a comunidade empresarial e os ricos à custa dos direitos de trabalhadores/as.

As organizações afirmam que “os tempos econômicos difíceis não devem ser usados ​​para justificar políticas e projetos de lei que impactarão negativamente os trabalhadores e as comunidades, com perdas de emprego e renda, por exemplo, como o governo está fazendo. Em vez disso, a resposta deve ter os direitos humanos como ponto fundamental e propiciar uma rede de apoio nessa situação de  emergência, mas também para o futuro. O que é particularmente preocupante é que novos incentivos econômicos voltados aos interesses empresariais, inclusive em nome da ‘recuperação verde’ como resposta aos impactos da pandemia de  COVID-19 e a crise climática, podem realmente contribuir para o desmatamento e outras formas de degradação ambiental, conflitos sociais e disseminação do coronavirus”.

O exemplo vem do governo

As organizações ressaltam, por meio do estudo, que nos últimos anos, o governo brasileiro realizou inúmeras tentativas de minar as estruturas legais e institucionais essenciais para os direitos humanos e para a proteção ambiental, influenciando diretamente a conduta empresarial. 

De acordo com o relatório, as práticas pioraram desde o início da administração do presidente Jair Bolsonaro, com intensos ataques a instituições democráticas e desrespeito ao Estado de Direito.

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