Os direitos humanos ainda são vistos como uma linguagem efetiva para mudanças sociais? Quem as organizações de direitos humanos representam? Estariam as ONGs do Sul Global em posição privilegiada e com maior influência em fóruns internacionais? Como usar as novas tecnologias de comunicação para influenciar o ativismo?
Refletindo sobre estas e outras questões, consideradas chave para o movimento dos direitos humanos no século 21, 60 consagrados ativistas e acadêmicos de 18 países participam da 20ª edição da Revista SUR.
Com lançamento global e formato mais dinâmico, a SUR comemora seus 10 anos de publicação propondo-se a ser um roteiro contemporâneo para os defensores da causa.
Em 56 artigos, entrevistas e análises aprofundadas, organizados em seis seções, a Revista apresenta o estado da arte acerca dos debates sobre direitos humanos no mundo e busca indicar rumos possíveis para o movimento.
Como introdução, a publicação traz uma homenagem ao sociólogo Pedro Paulo Poppovic, fundador da SUR e um dos principais responsáveis para seu sucesso em todo o mundo.
Oscar Vilhena Vieira e Malak El Chichini Poppovic, diretores fundadores da Conectas, também abrem a Revista em artigo sobre representatividade, linguagem e uso da tecnologia, a partir de suas experiências em advocacy acumuladas ao longo de décadas.
Em Linguagem, o primeiro dos seis capítulos, Sara Burke questiona o que os protestos refletem sobre a eficácia dos direitos humanos como uma linguagem para mudanças sociais.
Ainda nesta categoria, uma entrevista com Raquel Rolnik, então relatora especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada, revela as limitações do Sistema de Procedimentos Especiais (relatores e peritos) e por que ele está “projetado para ser ineficaz”. E Kumi Naidoo chama atenção para a necessidade de uma leitura mais crítica sobre o significado do Estado de Direito em um contexto de injustiça social para a maior parte da sociedade.
Poder econômico e responsabilidade corporativa para violações de direitos humanos são assuntos abordados por especialistas como Phil Bloomer na seção Temas, onde ainda estão presentes textos sobre direitos LGBTT, migração e justiça de transição.
Perspectivas, engloba contextos de países específicos a partir da observação em campo de ativistas como Mandira Sharma, do Nepal, Haris Azhar, da Indonésia e Nicole Fritz, da África do Sul. Todos compartilham uma visão cética sobre a relação entre Litígio e opinião pública.
Uma profunda análise sobre a representação do movimento global de direitos humanos está contemplada em Vozes, na qual Juana Kweitel, diretora de programas da Conectas, aborda inovações nas formas adotadas por ONGs de prestar contas à sociedade e pensadores como Chris Grove enfatizam a necessidade de um vínculo entre Organizações Não Governamentais e grupos de base. Fateh Azzam, por sua vez, questiona a necessidade de representar alguém e traz à tona críticas à dependência excessiva de doadores.
Mallika Dutt, Nadia Rasul e outros especialistas debatem, na seção Ferramentas, o papel da tecnologia na promoção de mudanças sociais no âmbito dos direitos humanos a partir dos riscos e oportunidades da Era Digital.
Finalmente, a Multipolaridade, termo que dá nome ao capítulo final, está representada através de contribuições dos chefes das lideranças das maiores organizações internacionais de direitos humanos em todo o mundo, como Kenneth Roth (Human Rights Watch), Lucia Nader (Conectas), Emilie M. Hafner-Burton (ILAR), Louise Arbour (ICG) e Selil Shetty (Anistia Internacional).
Em seus artigos, os especialistas desafiam as formas contemporâneas de pensamento sobre o poder no atual mundo multipolar que vivemos.