Entidades da sociedade civil se mobilizam, mais uma vez, contra a presença da excludente de ilicitude em uma proposta legislativa. Trata-se, agora, do Projeto de Lei 9432/2017, dedicado à reforma do Código Penal Militar. Em tramitação na Câmara, o artigo 44 do texto inclui a hipótese de excludente de ilicitude para policiais militares e membros das Forças Armadas.
Composta por mais de 40 organizações, a campanha “Sem Licença para Matar” afirma que “caso seja aprovado da forma como está, este projeto na prática dá um salvo-conduto para o militar (seja das Forças Armadas, seja da polícia) sair impune no caso de atirar, agredir ou matar alguém, caso alegue que se sentiu ameaçado”.
Ainda de acordo com a campanha, que está aberta para assinaturas, “é uma distorção do conceito de legítima defesa, porque a lei cria uma espécie de autorização prévia para policiais violentos não se preocuparem com consequências na Corregedoria ou na Justiça”.
A ideia de legalizar a excludente de ilicitude já foi debatida e rejeitada em 2019 na ocasião do “Pacote Anticrime”, apresentado pelo então ministro da Justiça Sérgio Moro.
Em 2020, mesmo com o isolamento social e a redução na circulação de pessoas em razão da pandemia, as polícias mataram 6.416 pessoas, média de 17,6 mortes diárias, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Das vítimas, 78,9% eram negras.