Às vésperas do Dia da Consciência Negra, o deputado federal Daniel Silveira (PSL/RJ) declarou, durante discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, que os altos índices de assassinato da população negra são resultado do fato de que “tem mais negros no crime”. A fala foi em decorrência de uma exposição que trazia dados sobre o genocídio da população negra no Brasil.
Silveira contestou os dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica), apresentados em uma das obras da exposição, sobre o índice de pessoas negras mortas em confronto com a polícia. O deputado afirmou que teve o “prazer e o desprazer” de atuar em todas as favelas do Rio de Janeiro e que, se mais negros morrem, é porque “tem mais negros com armas, mais negros no crime e mais negros confrontando a polícia”.
Em nota divulgada no último dia 20, organizações da sociedade civil que compõem a RJC (Rede de Justiça Criminal) condenaram as declarações racistas do deputado a pediram que a PGR (Procuradoria Geral da República) tome as medidas criminais e cíveis cabíveis. “Necessitamos de autoridades públicas comprometidas com o fim do racismo e não com sua reprodução e normalização” destaca o documento.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 75% das vítimas da violência letal no Brasil são negras. Jovens negros morrem mais do que jovens brancos, assim como policiais negros, que, embora constituam 37% do efetivo das polícias, correspondem a 51,7% dos policiais assassinados.
Além da Conectas, assinam a nota as demais organizações que fazem parte da RJC: Cesec, Gajop, Instituto Sou da Paz, IDDD, ITTC, Justiça Global e IDDH.