Em 2017, a cada hora sete pessoas morreram de forma violenta no Brasil. Os dados alarmantes fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira, 8.
De acordo com o relatório, houve um aumento de 20% nas mortes em decorrência de intervenções policiais: 5.144 pessoas, o que equivale a 14 por dia, morreram nessas circunstâncias, quase mil a mais que o registrado em 2017. Policiais civis e militares também fazem parte da estatística: um policial foi assassinado por dia no último ano.
“Os números mostram que a política de segurança pública que tem sido implementada nos últimos 20 anos é totalmente falha. Precisamos reformar nosso modelo, começando pela polícias, que devem ser desmilitarizadas e serem objeto de controle externo. Precisamos também romper com a lógica de que prender mais pessoas resulta no aumento da segurança. Hoje temos a terceira maior população carcerária do mundo e os registros de mortes violentas seguem crescendo a cada ano”, comenta Rafael Custódio, coordenador do programa de Violência Institucional da Conectas.
Para chegar aos números apresentados no relatório, o método utilizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública é contabilizar casos de mortes violentas intencionais, que reúnem os casos de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais em confrontos e mortes decorrentes de intervenções policiais. “Vale destacar que quando se fala no registro de estupros e violência doméstica há uma subnotificação endêmica, ou seja, esses dados na verdade são muito maiores pois as vítimas, em sua maioria mulheres, têm medo de denunciar agressores”, acrescenta Rafael.
O Anuário também apresenta dados sobre as 119 mil armas apreendidas e investimentos em segurança pública. Em 2017, o governo investiu 1,3% do PIB, e proporcionalmente gastou cerca de R$ 34 mensais por cidadão. Um outro estudo, no entanto, mostra que as mortes violentas custam aos cofres públicos cerca de 4,3% do PIB e que a morte de um jovem chega a custar R$ 550 mil, que representa a perda de produtividade ao longo da vida.
Veja o resumo dos dados: