Não se pode dissociar a defesa dos direitos humanos da defesa da democracia. A democracia pressupõe disputas de projetos e de campos ideológicos, assim como a aceitação incondicional dos resultados das urnas — expressão soberana dos anseios populares. Tais disputas são naturais e, em certa medida, saudáveis desde que travadas no campo estrito das ideias e do respeito às regras estabelecidas.
Mas existem limites que se esperam de qualquer candidatura que postule o cargo de representante máximo do Estado, entre eles a adesão inconteste ao texto Constitucional, aos valores democráticos e republicanos, bem como o respeito à pluralidade e às minorias que compõem a sociedade brasileira.
Não é novidade que os conceitos de direitos humanos, justiça e cidadania vêm sendo deliberadamente distorcidos nos palanques eleitorais em diversas partes do mundo em busca de votos daqueles que se encontram profundamente desiludidos com a política. Neste pleito, porém, a ameaça está se traduzindo em um discurso abertamente violento, autoritário e discriminatório –uma retórica anacrônica que remete aos horrores dos anos de chumbo. Inaceitável sob qualquer circunstância.
Devemos disputar o significado dos direitos humanos e não aceitar sua captura pelo discurso de ódio. É preciso, incansavelmente, esclarecer e reafirmar: os direitos humanos são um marco na defesa dos cidadãos e cidadãs e das liberdades individuais. Eles não pertencem a partidos nem a ideologias. Os direitos humanos são de todos e todas nós, sem distinção de raça, classe, credo, gênero, orientação sexual ou qualquer outra condição.
O próximo presidente da República deve assumir e respeitar esses princípios. Não queremos o Brasil governado pelo ódio e a intolerância, com o total desrespeito às instituições democráticas e ao que determina nossa Constituição.
A Conectas nasceu para defender e promover os princípios dos direitos humanos como pilar básico para uma sociedade justa, livre e democrática e será incansável na sua defesa. Esperamos que os eleitores e eleitoras votem nesse segundo turno por quem defenda e respeite esses valores. De forma independente e apartidária, nós na Conectas seguiremos firmes em nossa missão.