A Conectas lamenta profundamente o assassinato dos caciques Raimundo Benício Guajajara e Firmino Praxede Guajajara, no Maranhão, e de um Humberto Peixoto, do povo Tuiuca, no Amazonas.
No último sábado (7), os caciques Guajajaras foram assassinados às margens da BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras (MA), alvejados por tiros disparados de um veículo. Ocorrido pouco mais de um mês após o assassinato de Paulo Paulino Guajajara, do grupo de fiscalização Guardiões da Floresta, o atentado também vitimou outras quatro pessoas, que seguem internadas em estado grave.
Há uma semana, no dia 2, o indígena Humberto Peixoto, do povo Tuiuca, foi brutalmente espancado, vindo a falecer também neste sábado (7). Peixoto atuava na Cáritas Arquidiocesana como Assessor das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, em Manaus, Amazonas.
Cobramos a apuração dos casos e exigimos das autoridades uma resposta contundente contra os constantes ataques sofridos pelos povos originários no Brasil. Os crimes ocorrem na esteira do discurso anti-direitos indígenas, incitado pelo presidente Jair Bolsonaro desde sua eleição, reforçado em pronunciamento na abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, e endossado por políticas de enfraquecimento da fiscalização e de combate às invasões de terras indígenas.
Desde que assumiu o poder, o presidente tem direcionado ações contra as populações indígenas, como o desmantelamento da Funai, por meio do enfraquecimento institucional e da limitação de seu escopo de atuação; a promessa de abertura para mineração em terras indígenas; e o anúncio de que seu governo não demarcará novos territórios, contrariando o que dispõe o Art. 231 da Constituição Federal de 1988.
Já não bastassem os ataques, em setembro Bolsonaro sancionou um projeto que amplia a posse de armas em áreas rurais, jogando ainda mais combustível nas tensões que se desenrolam no campo e tornando mais prováveis novas e violentas mortes por disputas de terra, sobretudo onde se desenrolam atividades ilegais de garimpeiros e madeireiros.
Ainda que não tenha sido o presidente a apertar o gatilho das armas usadas contra seus cidadãos, é sobre ele que recai a responsabilidade por oferecer ferramentas e argumentos para incentivar esses crimes.