O defensor de direitos humanos e diretor do Cairo Institute for Human Rights Studies, Bahey el-Din Hassan, tem sido alvo de ameaças de morte. No dia 21/3, um apresentador de televisão egípcio sugeriu que as autoridades locais “lidassem” com Hassan da mesma forma com que se lidou com o espião russo, em referência ao envenenamento do agente Serjei Skripal, que aconteceu no Reino Unido no início deste ano.
A ameaça aconteceu após sete entidades egípcias de defesa dos direitos humanos, incluindo o Cairo Institute for Human Rights, enviarem um documento ao Secretário-Geral da ONU sobre as eleições presidenciais no Egito. “É urgente que se investigue essas ameaças e que a integridade física de Hassan seja resguardada. Ele é um defensor de direitos humanos conhecido internacionalmente e com um papel muito importante em seu país, onde ativistas sofrem uma série de violações, cotidianamente. Nós, da Conectas, somos solidários e nos unimos a outras organizações para alertar sobre a situação do CIHRS”, comenta Camila Asano, diretora de programa da Conectas.
Diante da gravidade da situação, mais de 20 organizações do mundo todo assinaram uma nota pública expressando sua indignação e pedindo que os Estados Unidos e os países da Europa pressionem o governo egípcio a investigar imediatamente as ameaças e tomar medidas para proteção de defensores dentro e fora do país.
Para as entidades, “esses eventos não só constituem o exemplo mais recente do assédio que Hassan enfrentou nos últimos anos, mas também representa um padrão extremamente preocupante de represálias contra defensores e defensoras no Egito e em muitas outras partes do mundo”.
O Egito é palco de outros ataques à sociedade civil, como prisões de ativistas pró-democracia por expressarem seus pontos de vista em redes sociais, e uma lei de ONGs muito repressora e que está prestes a ser implementada. Em meio a tais violações, o governo egípcio não tem feito nada para garantir a segurança dos defensores de direitos humanos, e também tem contribuído para sua intimidação dentro e fora do território do país.
As organizações lembram que o Cairo Institute for Human Rights Studies é uma organização indispensável e internacionalmente conhecida por sua atuação no Oriente Médio e no Norte da África há mais de 20 anos. Ainda assim, a entidade vem sendo alvo de ataques, como foi o caso quando o próprio Bahey el-Din Hassan foi forçado ao exílio em 2014 após a eleição do Presidente el-Sisi.