O pleno exercício dos direitos políticos requer um clima de segurança e tolerância. Candidatos e eleitores precisam ter assegurado um ambiente em que suas diferenças políticas possam ser expressas sem reações violentas. Agressões físicas ou verbais devem ser investigadas de forma célere. As lideranças partidárias devem ser responsabilizadas quando elas instigam a violência.
Presenciamos com preocupação o aumento das agressões no contexto das atuais eleições. O mestre capoerista Moa do Katendê foi assassinado em Salvador (BA) por sua adesão ao Partido dos Trabalhadores no dia do primeiro turno. No início de setembro o candidato à presidência, Jair Bolsonaro, foi gravemente ferido durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Esses não são casos isolados. Levantamento realizado pela Agência Pública relata pelo menos 70 ataques físicos ou verbais entre os dias 30 de setembro e 10 de outubro em decorrência do acirramento de disputas políticas — 60 deles cometidos por simpatizantes de Bolsonaro. O mesmo levantamento demonstra casos recorrentes de homofobia.
Os dois candidatos à presidência da República disputando o segundo turno devem conclamar seus eleitores, de forma clara e contundente, a agir de modo pacífico. Devem também se manifestar categoricamente contra os ataques. O gestual de revólver usado como símbolo da campanha de Jair Bolsonaro vai na direção contrária a isso.
Conectas não medirá esforços para cobrar das autoridades uma atuação ágil e independente para pôr fim à escalada de violência.