Em relatório divulgado hoje (5), a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo aponta que as mortes de nove pessoas durante o baile funk em Paraisópolis, no final de 2019, sucederam da ação policial. O documento destaca que os policiais não cometeram crime e que agiram em legítima defesa, argumento utilizado como excludente de ilicitude para pedir a não punição dos policiais militares envolvidos no caso.
Para o coordenador do programa de Enfrentamento à Violência Institucional da Conectas, Gabriel Sampaio, o parecer da Corregedoria é preocupante e representa um mau sinal sobre o controle do uso da força pelos órgãos de segurança pública.
“A Corregedoria considera que policiais teriam agido em legítima defesa, que é um tipo de excludente de ilicitude que isenta os agentes públicos de responsabilidade pelos abusos cometidos. Essa resposta, se adotada ao final das investigações, não condiz com as imagens amplamente veiculadas e as versões de vítimas e testemunhas, dando interpretação inaceitável a um massacre”, explica.
Além disso, Gabriel também aponta que a atuação da polícia na operação de Paraisópolis contraria o dever dos órgãos de segurança pública de “proteger a integridade física de seus cidadãos e cidadãs, que participavam de uma atividade cultural e de lazer”.