Raí Oliveira, fundador e diretor da Associação Atletas pela Cidadania e presidente da Fundação Gol de Letra.
“A Copa pode deixar um legado positivo para todos. Hoje, temos 60 atletas de alta performance participando de nosso grupo (Atletas pela Cidadania) e todos falam do esporte como um direito, não do esporte como algo apenas de alta performance. O grande record desta Olimpíada seria que os 16% que praticam esporte passem a ser 40%. O impacto disso na saúde, por exemplo, seria imenso. O legado da essência do esporte, que é a saúde, também é muito importante. O clube do meu bairro também pode ter metas, o meu bairro também pode ter áreas de esporte e lazer, por que não? Da mesma forma como conseguimos fazer isso no esporte, pensamos que essa conquista de direitos pode ser expandida para outras áreas também.”
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Cláudia Fávaro, do Comitê Popular da Copa, de Porto Alegre.
“A agenda que se tem agora é do aeroporto para o hotel, do hotel para o estádio, do estádio para o hotel e do hotel para o aeroporto de novo. Todos os problemas históricos das cidades são deixados em segundo plano em nome de um desenho que não privilegia as prioridades das pessoas. Com a Copa, as 170 mil pessoas que serão removidas não estão na agenda do governo. A alternativa apresentada é o Minha Casa Minha Vida, mas isso está muito mais no plano de favorecer grandes construtoras e venda de materiais de construção e, nessa onda, a Copa cai como uma cereja no bolo. Em Seul, 15% dos moradores foram expulsos de suas casas. Na África do Sul, 20 mil pessoas foram expulsas de suas casas. No Rio de Janeiro e em São Paulo as coisas costumam acontecer de forma ainda mais violenta. Calculamos em 170 mil o número de brasileiros que poderão ser removidos.”
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Patrick Bond, Universidade de KwaZulu-Natal, África do Sul.
“Na minha experiência e pelo que vimos acontecer na África do Sul, quem ganha com esses jogos são os poderosos, sem dúvida. É a Fifa, essa máfia. Quem aqui gosta de futebol e não gosta da Fifa? (a maioria levanta as mãos). O dinheiro gerado na Copa da África, mais de US$ 2 bilhões, voltou para Zurique, cidade que guarda o dinheiro de alguns dos maiores tiranos do mundo.