Entidades da sociedade civil repudiaram as violações de direitos de populações indígenas que vivem nas proximidades do Rio Teles Pires, na divisa do Mato Grosso com o Pará, onde estão sendo construídas quatro usinas hidrelétricas. Por meio de nota pública, as organizações cobraram providências do governo federal.
As comunidades locais vêm denunciando abusos desde 2011. O episódio mais recente foi a decisão do recém-criado Ministério de Segurança Pública, no dia 1/3 , que determina a prorrogação da presença da Força Nacional nos canteiros de uma das usinas, alegando que o povo indígena Munduruku representa uma ameaça à “ordem pública”. De acordo com as entidades, as empresas responsáveis pela construção têm desrespeitado a legislação ambiental.
“O complexo de usinas hidrelétricas no rio Teles Pires já destruiu dois espaços sagrados importantes para o povo Munduruku, provocando danos irreversíveis ao patrimônio espiritual das comunidades indígenas da região”, afirmam os signatários da nota.
Nesse cenário, as organizações reivindicam a imediata retirada da Força Nacional e a retomada do diálogo com o povo Munduruku. Elas também pedem — entre outras demandas — a realização de inspeção de campo pelo Ministério Público Federal, Ibama, Funai e Iphan em conjunto com lideranças indígenas e especialistas independentes para verificar as consequências socioambientais das hidrelétricas.
A nota pública de iniciativa do GT Infraestrutura foi divulgada no dia 9/3, com assinatura da Conectas e de mais de vinte organizações parceiras.