O coordenador de Comunicação da Conectas, João Paulo Charleaux, diz, na edição de hoje (25/10) da Folha de S. Paulo, página A19, na matéria “OEA debaterá tratamento dado por Brasil a haitianos”, assinada pela jornalista Patrícia Campos Mello: “estão torturando as pessoas para desencorajar novas vindas”.
O termo não se aplica com precisão ao real tratamento dado aos 832 haitianos que estavam no abrigo de Brasileira na primeira semana do mês de agosto, quando Conectas realizou missão ao local. A expressão “torturando” foi empregada de maneira inadequada para ilustrar uma situação que envolve más condições de abrigo, falta de higiene, superlotação, doença e descaso, mas não tortura. Nos dias em que a equipe da Conectas esteve em Brasileia, o abrigo dispunha de menos de 10 latrinas e chuveiros para mais de 800 pessoas, que viviam amontoadas em pequenos colchonetes dispostos sobre o chão, com homens e mulheres misturados sem distinção.
“Temos sido francos e fortes com o governo – em todos os níveis – ao cobrar as melhorias necessárias em Brasileia. Parte da franqueza envolve o reconhecimento de que o uso da expressão “torturando” é um exagero. Ela não descreve a exata situação no abrigo com a mesma precisão de todo o nosso material já publicado até aqui. Enviamos um esclarecimento ao Governo do Estado do Acre e ao Governo Federal com a intenção de esclarecer este ponto e manter o foco de nossa ação no que é o mais importante: a situação real dos haitianos que ainda vivem nestas condições, mesmo depois de quatro meses de forte pressão da Conectas”, disse Charleaux.
OEA
Na próxima quinta-feira, a OEA (Organização dos Estados Americanos) realiza em Washington, às 16h30 (hora local), uma audiência temática regional sobre “A Situação dos Direitos Humanos dos Migrantes Haitianos nas Américas”, cujo foco será a rota irregular até o Brasil e as condições de acolhida no Brasil.
A audiência foi solicitada pela Conectas e a Missão Paz, em agosto deste ano, logo após a visita realizada ao abrigo. Paralelamente, Conectas também enviou “Apelos Urgentes” à ONU, por meio do relator para migrantes e suas famílias; e especialista independente para o Haiti.