Conectas questiona Itamaraty sobre envio de tropas à Guiné-Bissau
Uso da força militar como opção inicial contrastaria com o conceito da 'responsabilidade ao proteger' proposto pelo Brasil
Uso da força militar como opção inicial contrastaria com o conceito da 'responsabilidade ao proteger' proposto pelo Brasil
O apoio do governo brasileiro ao envio de uma “força de interposição” na Guiné-Bissau foi objeto de uma carta enviada pela Conectas Direitos Humanos ao Itamaraty no dia 27 de abril. A opção pelo uso de tropas militares no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi questionada pela organização, que pediu que o governo esclareça como essa decisão “se relaciona com a proposta impulsionada pelo governo brasileiro de ‘Responsabilidade ao Proteger’, que exorta o uso da força como último recurso”.
“Queremos entender quais são exatamente os parâmetros do Brasil, uma vez que o País reluta em apoiar o uso da força em outros contextos, onde há milhares de mortos, mas não duvida em apoiar o envio de militares para a Guiné-Bissau. Queremos entender o conceito da ‘responsabilidade ao proteger’ na prática. E achamos que este é um bom caso para que o governo discuta o tema com a sociedade civil”, disse Juana Kweitel, diretora de Programas da Conectas.
A Guiné-Bissau sofreu um golpe militar no dia 12 de abril, quando o então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foi capturado por membros do Exército, às vésperas de uma eleição nacional na qual ele era favorito. Organizações parceiras da Conectas na Guiné-Bissau relataram a ocorrência de represálias a defensores de direitos humanos, além de pilhagens, vandalismo, espancamentos, repressão a manifestações e interrupção no sinal de meios de comunicação.