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31/10/2013

Conectas fala da imigração haitiana na OEA

Audiência joga luz sobre rota migratória Porto Príncipe-Brasileia

Audiência joga luz sobre rota migratória Porto Príncipe-Brasileia Audiência joga luz sobre rota migratória Porto Príncipe-Brasileia

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) realizou hoje, em Washington, uma audiência regional temática sobre “A Situação dos Direitos Humanos dos Migrantes Haitianos nas Américas”. A audiência havia sido solicitada em agosto por Conectas e Missão Paz, após visita ao abrigo que recebe haitianos na cidade de Brasileia (Acre), na fronteira com a Bolívia. Concebido para abrigar 200 pessoas, o local tinha mais de 800 imigrantes na data da visita, com menos de 10 latrinas e 10 chuveiros, e incidência de casos de diarreia em 90% dos moradores do local, de acordo com o serviço de saúde do município (leia mais).

Conectas esteve representada na audiência de Washington pela coordenadora de Política Externa, Camila Asano, e pela pesquisadora convidada, Gabrielle Apollon. “Nos preocupa a situação de direitos humanos destes migrantes, não apenas no trajeto até o Brasil, mas também na chegada ao abrigo de Brasileia”, disse Camila Asano. “Estima-se que, desde 2010, mais de 20 mil haitianos tenham chegado ao Brasil, sendo mais da metade de maneira irregular. Eles continuam vindo, numa média de 50 por dia, sem documentos, por rota irregular”, completou, durante a audiência.

“Policiais corruptos roubam e extorquem haitianos na rota ao Brasil”, disse Gabrielle Apollon. “Os médicos locais disseram que até 90% dos moradores do abrigo têm diarreia, não há separação entre homens e mulheres e as mulheres têm de se trocar debaixo dos lençóis para não serem vistas nuas”, relatou aos membros da Comissão.

“Haitianos pagam até US$ 4 mil para chegar ao Brasil por rota ilegal. Os atravessadores e coiotes são sempre mais rápidos que as medidas legais”, disse o padre Leonir Mario Chiarello, da Missão Paz. “As mulheres são obrigadas a tirar completamente a roupa para passar por revistas policiais antes de chegar ao Brasil”, denunciou.

“Estamos sumamente preocupados, especialmente após o terremoto, com a situação dos haitianos. Agradecemos as informações trazidas”, disse a jamaicana Tracy Robinson, comissionada para Direito da Mulher e Direitos LGBT da Comissão Interamericana.

Na audiência, Conectas apresentou um documento com dados e propostas aos Estados. A organização também entregou um vídeo no qual haitianos contam suas experiências na rota migratória. Mistajaine Olizars conta no vídeo que teve todo seu dinheiro e documentos roubados ao entrar no Peru. Laricy Pierre disse que, também no Peru, o grupo de imigrantes do qual ele fazia parte foi simplesmente dividido entre os que podiam pagar suborno e seguir a viagem rumo ao Brasil e os que não podiam pagar. Para Colette Lespinasse, da ONG haitiana Grupo de Apoio aos Repatriados e Refugiados, “há uma rede de tráfico humano estabelecida”.

Em agosto, Conectas recolheu também 20 depoimentos semelhantes no abrigo de Brasileia. As conclusões desta missão, realizada em agosto, foi o que motivou o pedido de audiência na OEA.

Veja o vídeo da audiência:

Veja o vídeo que a Conectas entregou à Comissão:

 

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