O Brasil tem uma das polícias que mais mata e mais morre no mundo. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 4 mil pessoas morreram em 2016 em decorrência de intervenções policiais e 437 agentes de segurança pública foram vítimas de homicídio. No ano em que o Estado do Rio de Janeiro passa por uma intervenção militar na área de segurança pública, questões como essas precisam ser investigadas com urgência.
É para trazer luz para debates como esses que a Agência Pública e a Conectas Direitos Humanos lançam o Concurso de Microbolsas para Reportagens Sobre Violência Policial e Intervenção Federal. Serão distribuídas quatro bolsas no valor de 7 mil reais para os repórteres que propuserem pautas inéditas e originais sobre os temas. As inscrições devem ser feitas até o dia 4 de junho através do formulário online.
Podem se inscrever jornalistas de todo o Brasil interessados em produzir investigações aprofundadas sobre violência policial, intervenção federal e suas causas e impactos.
“Em um cenário de polarização, em que há um aplauso e um rechaço às forças de segurança no Brasil, faltam reportagens investigativas, aprofundadas, que ajudem a mostrar por que nossa polícia é tão letal, mas também por que morrem tantos policiais. Por outro lado, com os militares atuando cada vez mais na segurança pública, o jornalismo tem que se capacitar para monitorar também essa atuação. É o que pretendemos fazer com esse concurso de Microbolsas”, diz Natalia Viana, codiretora da Agência Pública.
“A lógica militarizada, autoritária e racista que impera na estrutura policial brasileira é fonte considerável de violações no Brasil. Quando apontamos tais falhas estruturais, não nos referimos à figura do policial, mas a uma política de Estado, herança da ditadura, mas ainda corroborada pelos governos democráticos. Chama a atenção a omissão e conivência dos órgãos de controle externo, como o Ministério Público, e o crescente uso das Forças Armadas em atribuições que são de natureza civil, como a Segurança Pública”, diz Rafael Custódio, coordenador do programa de Violência Institucional da Conectas. “Com o projeto de Microbolsas, queremos não apenas apoiar o bom jornalismo investigativo, mas também contribuir para trazer à tona histórias que ilustrem esse quadro de desrespeito a direitos fundamentais”, reforça Custódio.
Os candidatos devem detalhar sua pauta, planos de trabalho e de orçamento. Também é necessário comprovar a experiência na produção de reportagens investigativas. A utilização da bolsa fica a critério do repórter e pode ser usada para pagar despesas da produção da reportagem.
Os vencedores serão definidos pela direção da Agência Púbica e da Conectas. Além da bolsa, os jornalistas recebem uma mentoria da Agência Pública para realizar a reportagem. Também fica a cargo da Pública editar, publicar e distribuir o material. Nesta edição, os candidatos que forem pré-selecionados vão passar por uma fase de entrevistas. Os vencedores serão anunciados no dia 11 de junho.
Para mais informações, entrar em contato através do e-mail contato@apublica.org.