Com o objetivo de colaborar na construção de políticas públicas em matéria de direitos humanos, a Conectas é uma das organizações da sociedade civil que acompanhou o Governo de Transição criado para mapear o estágio atual das políticas das diversas pastas do Executivo federal e identificar prioridades a serem apresentadas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
A participação da Conectas se deu na identificação de políticas públicas adotadas nos últimos 4 anos de gestão Bolsonaro que precisam ser revistas ou descontinuadas por não estarem em consonância com direitos humanos e medidas que deveriam constar nas prioridades para os 100 primeiros dias de governo.
“Atuamos por meio de mapeamento e propostas enviadas pelos canais formais do Governo de Transição e participação em sessões de escuta promovida por Grupos Técnicos com sociedade civil e especialistas”, afirma Camila Asano, diretora de programas da Conectas.
Entre os temas e propostas enviadas pela Conectas estão a relação entre empresas e direitos humanos, situação da migração e refúgio no Brasil e controle de armas. A Conectas também assinou notas públicas endereçadas aos integrantes do Governo de Transição, incluindo uma carta solicitando a retirada do Brasil da Declaração de Consenso de Genebra, aliança ultraconservadora que atua contra os direitos sexuais e reprodutivos.
Além do trabalho de incidência, Gabriel Sampaio, coordenador do programa de Enfrentamento à Violência Institucional da Conectas, foi convidado a integrar o grupo consultivo que oferece insumos técnicos à equipe de transição responsável pelas diretrizes sobre segurança pública do novo governo. A contribuição engloba um mapeamento de políticas públicas descontinuadas ou que necessitem de revisão para estarem em consonância com os direitos humanos, entre elas está a retomada das políticas de controle de armas e munições, fortemente atacadas durante o governo Bolsonaro, e o enfrentamento aos homicídios, especialmente, voltados à defesa da vida da população negra.
O Gabinete de Transição Governamental, instituído pela Portaria nº 01, publicada no Diário Oficial da União no dia 8 de novembro de 2022, tem como o objetivo de reunir informações sobre o funcionamento e a atuação dos órgãos e entidades que compõe a Administração Pública Federal e preparar os atos de iniciativa do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de janeiro de 2023.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, é o coordenador do Gabinete de Transição. A estrutura da coordenação é formada por outras quatro coordenações subordinadas: Coordenação Executiva, sob o comando de Floriano Pesaro; Coordenação de Articulação Política, comandada por Gleisi Hoffmann; Coordenação dos Grupos Técnicos, a cargo de Aloizio Mercadante; e Coordenação de Organização da Posse, sob o comando de Janja da Silva, que orienta e coordena as atividades referentes à solenidade do dia 1º de janeiro de 2023.
O coordenador executivo assessora o vice-presidente, gerencia e supervisiona as atividades das unidades administrativas e elabora a minuta do relatório final a ser submetido à aprovação pelo coordenador da transição.
O objetivo do trabalho de cada grupo técnico é produzir um relatório final, com diagnóstico abrangente, reunindo informações sobre o funcionamento e a atuação dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública Federal. Eles devem identificar os riscos, fazer alertas, apontar ilegalidades e necessidades de apuração por parte dos órgãos de controle. Além disso, podem propor medidas que exijam a tomada de decisão no início do novo governo.