Em um contexto de avanço de políticas conservadoras e do movimento anti-direitos no Brasil e no mundo, o Colóquio Internacional de Direitos Humanos realizou sua 16ª edição em outubro, reunindo cerca de 50 defensores e ativistas vindos de regiões como Hungria, Filipinas e Palestina, além de diversas partes do Brasil.
O evento, organizado desde 2001 pela Conectas, visa a promover a integração e o intercâmbio entre defensores de direitos humanos do Sul Global, por meio do compartilhamento de conhecimentos, experiências e estratégias que permitam o avanço de suas agendas. Nos 16 anos de existência, o Colóquio reuniu mais de 1.600 ativistas de 85 países.
“O movimento de direitos humanos enfrenta restrições de participação que implicam, em muitos casos, no ataque direto à vida de seus ativistas”, explica a coordenadora de programas da Conectas, Camila Asano. “Nesse contexto, é importante termos uma rede de apoio e troca para nos fortalecermos e compartilharmos experiências de resistência e luta por direitos”.
A edição deste ano também contou com atividades no Rio de Janeiro, Pernambuco e Brasília, como forma de imersão em trabalhos de campo realizados pela Conectas e organizações parceiras nos últimos anos. As equipes foram divididas em quatro times, que acompanharam atividades específicas em cada cidade.
Imersões
Na visita ao Rio de Janeiro, os participantes conheceram o trabalho da Redes da Maré, para ver de perto os desafios enfrentados por ativistas e moradores em um dos maiores complexos de comunidades da cidade. A equipe também visitou a Defensoria Pública do Estado e fez reuniões para acompanhar a atuação internacional das organizações CEJIL e ISER sobre a política de segurança pública do Rio.
Focada na incidência política dentro do Congresso Nacional, a imersão de Brasília visitou gabinetes e comissões da Câmara dos Deputados e Senado Federal, além de dialogar com representantes do Ministério Público Federal e visitar embaixadas.
Em Pernambuco, a imersão conheceu o trabalho realizado pelo Fórum Suape, que luta pela garantia de direitos de comunidades quilombolas atingidas pela construção do Complexo Industrial e Portuário de Suape. Em Recife, houve a participação em eventos e debates promovidos pelo GAJOP.
O núcleo de São Paulo acompanhou, durante dois dias, as ações de entidades que monitoram a violência policial no Estado. Entre outras atividades, a equipe visitou o CAAF (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo), que atua na identificação das ossadas encontradas na vala clandestina da época da ditadura do cemitério de Perus e o CDHS (Centro de Direitos Humanos de Sapopemba), que presta atendimento direto à população local no enfrentamento à violência policial e prevenção do genocídio. O grupo também visitou a Comunidade Cultural Quilombaque e o Centro Cultural Aparelha Luzia.